INF1 Não, não, não, não. Tintureira, não. Isto (...) é o marracho. O marracho.
INQ1 Nem marracho?
INQ2 Ai, esse é o marracho.
INF1 Marracho.
INQ1 Marracho.
INQ2 É muito diferente da tintureira, ou não?
INF1 (...) É o peixe (...) feroz .
INF2 'Okey' . Mas (...) o estilo deve ser quase parecido. (...)
INQ2 Peixe quê, peixe feroz?
INF1 Este? Marracho.
INF2 Este? Este é feroz (...) .
INF1 Este chama-se...
INQ2 Come os outros e...
INQ1 Este aqui de cima.
INF1 Este, a gente chama-se uma castanheta do alto (...) .
INQ1 Que é vermelho?
INF1 É vermelho. (...)
INQ2 Castanheta do alto, o imperador.
INQ1 O imperador.
INF1 (...) Há a castanheta (...) da costa... (...)
INF2 A castanheta da costa é aquele que estava aqui há pouco.
INF1 Sim.
INQ1 É, que é preta?
INF2 Preta, sim. É assim.
INF1 Mas isto é a castanheta (...) do alto.
INQ2 Ai, é desse tamanho, é desta medida?
INQ1 Sim senhor. E este é que era a tal...
INF2 (...) A castanheta é mais ou menos assim. Preta.
INQ2 Dez centímetros, doze centímetros.
INF1 Já é muito grande, isso. Já é muito grande. (...)
INQ2 Ai é?
INQ1 É assim pequenininha?
INF1 É pequenina.
INQ1 É altinha, não é?
INF1 É sim senhor.
INQ1 É altinha, mas é pequenina.
INF2 Há aí uma canoazinha pequeninha que ele ia sempre (...) à castanheta. Mas dá um trabalho! Um gajo ficava todo... Aí esse homem ficou paralítico disso.
INQ1 O senhor conhece este peixe, já o viu?
INF1 (...) Eu
INQ1 Já viu este peixe?
INF1 tenho mais ou menos esse. Pelo desenho, não sei lhe dizer. (...)
INF2 (...) Esta parte aqui, daqui, daqui para baixo, é rija. É como fosse isto aqui.
INQ1 É? Ah!
INF1 (...) (...) É como aquele peixe que eles matam (...) .
INF2 Isto, isto já vi.
INF1 O galo, é o galo. O peixe-galo, o peixe-galo. O peixe galo.
INQ2 Ah, o galo? É.
INQ1 Ah, mas este não é o peixe galo, não.
INQ2 Mas o galo é mais, é mais coisa por aqui e tem uma mancha.
INF1 Sim, mas...
INQ1 E tem uma mancha aqui, não é?
INF1 Sim, mas (...) , quer dizer,
INQ1 É. Dá ideia ao peixe-galo.
INF1 isto em desenho, a gente...
INQ2 Sim senhor.
INQ1 É, é.
INQ2 E este vermelhito, aqui em baixo?
INF1 Este é o peixe-rei. Este é o peixe-cão. (...)
INQ1 Peixe-cão?
INQ2 Papagaio ou peixe-cão.
INQ1 Peixe-cão.
INQ2 Sim.
INF1 (...) Este é o - espere - é o peixe-agulha.
INQ2 Sim senhor. Certo.
INF1 Este (...) é o pargo. Mas (...) há várias qualidades.
INF2 O pargo até há branco, cinzento.
INF1 Há (...) várias qualidades. (...)
INQ1 O senhor há bocadinho falou do pargo-capelo, não é? Era pargo-capelo.
INQ2 Pargo-capelo.
INQ1 Pargo quê?
INQ2 Capelo!
INF1 (...) A gente chama-se um peixe-capelo. (...) Um peixe com giba, vá lá.
INQ1 Com giba aí em cima da cabeça, não é?
INQ2 Pronto. E o peixe-cão e papagaio...
INF1 Olhe, veja. Olhe, veja, está a ver?
INQ1 Está todo. Olha, esse é aquele.
INF1 (...) É o peixe-cavalo. É o peixe-galo.
INQ2 Galo.
INQ1 Galo.
INF1 (...) Quem vê em desenho, a gente... Este é o carneiro. (...) . É o raro agora aparecer peixe desse. Sempre às vezes aparece! (...) Este é o peixe-porco.
INQ2 Peixe-porco. Esse o senhor.... O senhor falou há bocadinho no peixe-cavalo. É algum destes?
INQ1 Este é o peixe-porco, peixe-lua.
INF1 Sim. Olhe, veja. Está aqui um.
INQ2 Sim senhor.
INF1 Este pode ser (...) a coisa que a gente se diz
INQ1 Peixe-cavalo, pois é este.
INF1 peixe-cavalo. Este é o peixe que a gente... Letes . (...)
INF2 Não.
INQ2 É parecido com a espada? Não?
INF1 É o feitio do espada (...) ...
INF2 Então não é o coelho?
INF1 O coelho, não (...) . O peixe-cavalo, que mata-se mais fora. Este também (...) é morto mais fora (...) . (...) Este é um peixe que a gente temos com um pedaço de calamar ou um pedaço de cavala.
INQ2 Ah, que serve de isco.
INF1 E o gajo vai comendo e vai comendo.
INQ1 Calamar é o quê?
INF1 É pota. Que a gente chama-se pota.
INQ1 Ah, está bom.
INF2 Antigamente eles usavam era pota para a espada. Agora como não há pota, é (...) a manica, que é aquela cavala.
INF1 (...)
INQ1 Qual? A goraz? A goraz...Ah, a manica?
INF2 (...) Tiram-lhe o aparo assim. E depois fazem filetes assim para... Salgados! Não tem que ser fresco!
INF1 Este é o peixe-porco. (...) Eu quero buscar este nome... Em tempo é que havia muito. Havia assim . Era conforme as às colheitas.
INQ2 Eles ali chamam peixe, peixe-cravo, não sei se é.
INF1 Vá lá, sim senhor, sim senhor. É peixe-cravo, peixe-cravo.
INF2 As ovas da espada é muito boas, as ovas da espada.
INF1 (...)
INQ1 Ai é?
INF1 A Espada preta. A ova.
INF2 (...) Aquele peixe que disseram que lá - lá no continente - (...) ficam fica (...) com o fígado, e depois deitam fora, que é (...) a xara.
INQ2 A xara.
INF2 Não comem a xara?
INQ1 Não. Não, não.
INF2 Não. Acolá, quando for acolá dentro, vão comer um dentinho (...) de xara. É a sobremesa . É. Vai (...) um dentinho de xara e vai dizer: "Isso é bom"! Eu moro ali. Já vão. (...)
INQ2 Está bem, está bem.
INF1 (...)
INQ2 E peixe-coelho? Há algum que chame peixe-coelho aqui?
INF1 Há sim. Há, há .
INQ2 Peixe-coelho de natura, ou não sei quê?
INF1 Há, há, há, há. É assim neste género, assim.
INQ2 Sim, sim.
INF1 É neste género, o peixe-coelho. Mas em tempo havia! Não vê esta coisa que... Leis! Como a gente se falámos ainda agora.
INQ2 Leis.
INF1 As leis que está-se passando passandem no mundo, as coisas vai enfraquecendo tudo.
INQ2 Pois.
INF1 Está compreendendo? Em tempo havia embarcações que ia... Estas coisinhas! (...) Ia para ganhar a vida. Está compreendendo? Que é para qualquer uma arte! Mas agora eles estão prendendo tudo, de uma tal maneira que a pessoa tem medo.
INQ1 Pois, pois.
INF1 Ir ali e eles encher uma multa quinze a vinte contos, trinta contos.
INQ1 Claro.
INF1 Não . É o mais barato. Agora donde é que há pessoal? Se há pessoal que não tem nada, ora (...) a autoridade, (...) a autoridade quer... (...) É assim: não quer ver gente doente no hospital, nem quer ver gente na cadeia, está compreendendo? Não quer ter despesa. Mas a gente, nós, tem-se medo no ir de não ir para a cadeia. (...) Esses problemas que dá, (...) vai enfraquecendo. (...) Este pedaço, se calhar quando era no Inverno, nesta altura, em tempo, estava tudo (...) cheio de barcos. Você, cê está vendo agora os barcos que há?
INQ2 Pois, pois, agora o que há.
INF1 Está a ver ? (...) Essa escravidão (...) que os governos estão a fazer, hem ! Esse negócio (...) , o negócio do mando! Vamos assim, é o negócio do mando! Ele vem o dinheiro aí mas para donde é que vai o dinheiro? Ninguém vê. (...) O desgraçado (...) não vê o dinheiro. Esse é o negócio do mando. Olhe, está a ver?! O que o meu vizinho caminhou de manhã - eram seis horas, como eu já falei - para pescar chicharro-de-gorazeira, como ainda agora lhe expliquei,
INQ2 Sim, sim.
INF1 já vem fugido fugindo do vento! Estavam três pessoas. Mas se a patrulha fosse a bordo dele... Está acolá um que está de baixa. Mas a baixa só são são só também é vinte e quatro contos ou o que é, ou não sei o quê - se é vinte e quatro, se é vinte três, não sei (...) .
INQ2 Que é o que ele recebe?
INF1 O que ele recebe. Mas não dá para a vida. Eles são obrigados a ir.
INQ2 Claro.
INF1 Está compreendendo?
INQ2 Sim, sim.
INF1 É essas coisas assim.
INQ2 Sim, sim. Ó Gabriela tens que me ajudar aqui. Pronto.
INF1 Olhe, senhor, (...)
INQ2 Diga.
INF1 (...) eu vou-lhe deixar...
INQ2 Era só para lhe perguntar esses para a gente ir ali beber um café.
INQ1 João, deixa lá. O senhor tem que ir andando.
INF1 Estes, pois. Não. (...) Vou-lhe deixar, também já o tempo vem (...) ...
INQ2 Ah, já vem aí chuva?
INQ1 É. Vem aí chuva, vem.
INQ2 Então vamos ali num instante.
INF1 O tempo também vai chamando a chuva.
INQ1 Vai, sim senhor.
INF1 Também, (...) olhe, (...) moro longe também.
INF1 Chama-se aqui uma burreca.
INQ Porquê? O que é que se, é boa ou?
INF1 É diferente do caranguejo.
INQ Como é que tem, tem assim umas pintas por cima, veja lá?
INF1 Este come-se. Sim, este come-se.
INF2 Se este (...) dá debaixo da pedra, se está na lama, levanta-se a pedra e ela está debaixo.
INF1 Debaixo da pedra. Levanta-se e ela... (...)
INF2 (...)
INQ E o que é que se come, come-se o corpo, aquilo por dentro ou come-se só as pernas?
INF2 Come tudo, tudo.
INF1 Tudo o que está dentro dela. Cozida e assada, come-se tudo.
INF2 Tudo, tudo. Aproveita-se tudo.
INF1 E o caranguejo também.
INF2 Olhe está aqui.
INF1 Está a ver, a burreca e tudo !
INQ Eu acho que esta é que deve ser essa que dava na... Burreca, não é?
INF2 Burreca.
INF1 É, sim senhor.
INQ Deve ser esta.
INF1 Este é o caranguejo.
INQ Portanto, mil e oitenta e oito é a burreca. Isto é caranguejo também, não é?
INF1 Ah, isto é um caranguejo que (...) vem (...) nos paus. Este caranguejo,
INQ Vem nos quê?
INF1 este caranguejo agarra-se ao lodo dos barcos. E também vem na madeira que vem com o percebe.
INQ Mas este é bom para comer, ou não?
INF2 Come-se tudo. O caranguejo (...) portanto come-se . Só menos a salta que é mole.
INF1 (...) Come-se tudo. Ele (...) este é um caranguejo. Aqui não dá, aqui na costa.
INF2 Mas come-se. É é pequenino.
INF1 Isto não dá aqui. Ele vem... Quer dizer: levou um pau que põe em cima dum barco com muita perceba, (...) este caranguejo (...) vem nesse pau.
INF2 Às vezes, até tira-se e come-se, cru.
INF1 Aqui há (...) várias qualidades de caranguejo.
INF2 Há várias qualidades de caranguejo.
INF1 Há o caranguejo que a gente chama aqui o caranguejo amarelo, que a gente chama esse caranguejo estonado.
INQ1 Estonado?
INF1 Estonado.
INF2 Estonado, que é caranguejo bom para comer.
INF1 Que esse caranguejo é um caranguejo que se vende para tascas (...) .
INF2 Tem as pernas vermelhas.
INQ2 Vermelhas.
INF2 Vermelhas.
INF1 E há outro que é um preto, que é o caranguejo preto,
INQ2 E há outro que é preto, que é, sim.
INF1 que é preto. Dá grande. Dá assim grandes. E há um que a gente chama-se a salta - que ele salta muito - (...) que é um caranguejo comprido que apanha-se de noite.
INF2 Apanha também de noite.
INF2 (...) Com uma linha embrulha-se e ela vem (...) .
INQ2 Esse que salta, é um que salta? Esse não sei qual é que é.
INF3 É este. Parece que tem lodo e também bico.
INF1 É. É um caranguejo mais comprido.
INF3 Muito peludo.
INQ2 Muito peludo?
INF1 Esse é um caranguejo comprido.
INF2 E é mau.
INQ2 É mau?
INF1 E ele a gente vai em cima e ele salta para longe .
INQ1 Que engraçado!
INF1 E é preciso apanhá-lo. Vai-se com uma caninha (...)
INQ1 Eu acho que esse não há lá.
INQ2 Não.
INF1 embrulhar nas patas dela e depois então é que se puxa e ele vem preso (...) .
INF2 É a tal coisa, há muita coisa que há cá e não há lá.
INQ1 Pois é, e ao contrário. Então e este assim, não?
INF1 Isto é a casca .
INQ1 Este é só uma casca.
INF2 (...) Esse é o caranguejo estonado, que é o tal caranguejo amarelo.
INF1 Esta casca, é virado ao contrário, não é?
INQ2 É.
INF2 Morre no lodo, no lodo amarelo. Que ele está preso metade debaixo do lodo. Na noite , com a luz, (...) ele vem.
INF1 Fica cego.
INF2 Ele vem para cima, então fica cego e já é apanhado. Já apanhei mesmo a mergulhar (...) .
INF3 Já. (...) Na ilha também apanha-se.
INF1 Aí a gente dizia que era (.../N) .
INF3 (.../N) .
INF2 (...) Como é o nome de que chama-se este?
INF1 Burreca.
INF3 A caranguejola.
INF2 A caranguejola, sim.
INF1 A caranguejola.
INQ1 Como é que é? Como é que chama a este?
INF1 Este é a caranguejola.
INF2 Caranguejola. Isto vinha (...) do fundo do mar.
INQ1 Que é muito..., que é também caro?
INF2 É rijo, aqui em cima.
INQ1 E é caro. É um peixe, é um...
INF2 Mas também vende-se. Vende-se.
INF1 Vende-se.
INQ1 Que se vende caro?
INF1 (...) Aqui dão pouco valor.
INQ2 E isto tem muitos picos aqui dos lados, não é?
INF2 Tem sim.
INF3 É isso esse mesmo.
INF1 Eles aqui dá pouco valor. Eles dão pouco valor a este.
INF1 A cagarra.
INF2 (...)
INQ1 A cagarra é uma de noite, voa de noite.
INF1 Não. A cagarra é de dia. A cagarra voa de dia.
INQ1 Não, mas no mar.
INF2 (...)
INF1 (...)
INF2 Tem umas patas assim grandes.
INF1 A cagarra onde é que vai ver o peixe é de dia, não é de noite.
INQ2 Sim senhora.
INQ1 É de dia. Mas é uma que faz pa-pa-pa de noite.
INQ2 A cagarra não é a mesma coisa.
INQ1 Espera lá.
INF2 A de noite não é esta.
INF3 Gorguja.
INQ1 Não...
INQ2 A cagarra cá não é a mesma coisa.
INF3 A gorguja é que é de noite .
INF1 A cagarra é tudo à mesma. (...) Ela é que faz... Para ver o peixe é de dia.
INF3 A cagarra, a cagarra procura...A gorguja, a gorguja é de noite.
INQ2 Desculpe, diga-me só uma coisa, esses que estão a voar ali por cima, são o quê?
INF1 Isto é gavina.
INF2 Gavinas.
INF1 Isto é gaivotas.
INF2 Isto é gaivotas.
INF3 As (.../N) .
INQ2 Mas vocês aqui chamam como?
INF1 Chama-se gaivotas e chama-se gavinas.
INF1 Está vendo aquele? Aquele peixe que (...) o rapaz está deitando para a água? Aquele chama-se xara.
INQ1 Xara?
INF2 A gata é a xara.
INF1 A gata.
INQ2 Ah!
INF1 Pode ir lá ver...
INQ1 Tu não viste...Está em cima do... Agora.
INF1 Estão a ver?
INQ2 Ah! Mas...
INF1 Pode ir lá ver, que eles vão vão-a abrir, eles vão fazer tudo. E depois vai por aqui, sempre, sempre, sempre, para o sítio donde é que eles se seca. Está a ver? E pode ir lá abaixo cheirar (...) tudo: a ponta da gata, a xara, tudo o que eles tem lá . E um homem pode pode-lhe explicar porquê... isto... o óleo...
INF2 (...) Este é o (...) que chamam-lhe... Em Benguela chama-se o alcatraz.
INQ2 Um alcatraz? Este?
INF2 Em Benguela . Este de bico comprido. Ele vinha lá de cima. Quinze a vinte metros de altura, vinha - com as asas que fecha lá , fechava e op! Ele fura duas, três linhas para buscar o peixe para comer. Até tenho lá um. Eu sei o que é isso.
INQ2 Mas o alcatraz há muito por aqui também?
INF2 Aqui não há. Há pouco, muito pouco. Eu agora vê-lo! Aquilo é mais nas Áfricas. Este também aqui não há. Aquilo Que é mais nas Áfricas.
INF1 Diz assim. Como se chama esse daí que está aí ?
INF2 Isso é o... Dá pequenino.
INF1 Chama-se o polícias.
INF3 (...) .
INF2 Não é!
INF1 Há uns anos andava sempre aqui uns muito pequeninos.
INF2 Ah, uns muito pequeninos, isso é (...) ... Como é o nome disso?
INF1 Periquito? Periquitos?
INF2 Não. Eles andavam como um monte de nuvem no Bico da Ponte.
INF1 Porquê ?
INF1 (...) Maçarico.
INF2 Maçarico. Ave-maçarico .
INF1 Maçarico. É a mesma coisa.
INQ Ah, o maçarico. Então e o maçarico não era assim deste género? É porque lá chama-se maçarico é a este género assim.
INF1 Não, mas (...) aqui a gente dá-se... (...)
INQ Pequeninos.
INF2 Mas aí ele não era branquinho.
INQ Vá, pode ver!
INF1 É o maçarico. É o maçarico, com o bico muito comprido. É o maçarico.
INQ É?
INF2 Pois é, aquele saco , era branquinhos.
INF1 Vêm para aqui comer caranguejo. (...)
INQ1 Ah, mas estes estão embalsamados, já estão feios. Mas eles são mais branquinhos.
INF2 Comem muito caranguejo.
INF1 Ah, bem! Era Eram branquinhos.
INQ Como é que o senhor se chama, desculpe lá?
INF1 Hã?
INQ Como é que o senhor se chama?
INF1 Como é que me chamo, que eu chamo?
INQ O seu nome, como é que é?
INF2 O seu nome.
INF1 Ariosto.
INQ1 Olhe lá, como é que a gente, por exemplo, agarra, pesca uma pescada, e tem, e tem lá uma coisa na barriga, que a gente vê que é fêmea. Como é que a gente, o que é que a gente lhe chama àquilo que lá está dentro da barriga?
INF3 É a ova.
INF1 É as ovas.
INF2 As ovas.
INQ1 As ovas?
INF1 As ovas.
INQ1 E a, e por exemplo, o choco, também tem?
INF3 (...)
INF1 O choco também tem.
INQ1 Também a fêmea também tem
INF1 (...) Oiça, o choco (...) , ele quando vai a desova - o choco -,
INQ1 Sim.
INF1 ele desova
INQ1 Sim.
INF1 na costa.
INF2 (...)
INF1 Tudo o que é rocha. Ele não desova no rolo, na areia. Na rocha.
INQ1 O rolo é a areia?
INF1 Tem rolo que é rocha, que é rolo - que este é rocha - e aqui é areia. Entre a rocha e a areia, ele desova aí. Ele quando desova aí, ele vai deitando, vai deitando, deitando, e fica como um cacho de uvas, igual, igualzinho a um cacho de uvas. E fica (...) aquelas bolinhas, como um cacho de uvas.
INQ1 E como é que o senhor chama a isso?
INF1 A gente chama-se aqui... (...) Elas, quando o mar bola, joga para a terra.
INQ1 E o que é que o senhor diz? Olha, está ali o quê?
INF1 A gente depois : "Olha, está acolá ova do choco".
INF2 Como é o nome daquilo?
INQ1 Ova do choco.
INF1 Pega-se naquilo, a gente vai abrir, vai abrir abrindo aquilo, está choquinho lá dentro daquilo.
INQ1 Portanto, é sempre ova? E tem lá uns chocos pequeninos...
INF2 É ova.
INQ2 Sim, sim.
INQ1 Sim senhor.
INF1 (...)
INQ1 Olhe, e se for da lula, por exemplo, já é diferente?
INF1 A lula, eu cá não sei. A lula, a ova já é diferente. A gente abre até que deita aquela ova toda fora, aquelas 'grãozinhas' todas que tem é que sai.
INQ2 E do polvo, também se aproveita ou deita-se fora?
INF1 Do polvo também é deitado fora, que é aquela 'grãozinha' toda que tem.
INQ2 Por exemplo, o senhor quando tem o bodião e quer começar a arranjar, aquele buraquinho que ele tem a meio da barriga, onde enfia a faca para, para abrir, como é que chama?
INF1 Sim.
INQ1 Como é que se chama esse buraquinho?
INF1 A gente chama só o umbigo.
INQ2 Portanto, e aquelas coisas duras que a gente não come do peixe?
INF1 (...)
INQ2 Que nos pica.
INQ1 Que pica. Aquilo que está lá dentro no meio?
INF1 (...)
INF3 Sei. Sei.
INF2 As espinhas.
INQ1 Chama espinha?
INF2 A espinha, a espinha.
INQ1 Chama-se sempre espinha, a todas?
INF2 É. Todas.
INF1 É espinha.
INQ2 E dá, e dá algum nome àquela espinha que o peixe tem por cima do lombo, aquela?
INF3 Serrilha.
INF1 (...) Ah, por cima? É a espinha do lombo! É a espinha do lombo!
INQ2 E aquela do...
INQ1 Ou serrilha, serrilha é a mesma coisa, ou não?
INQ2 Eu ia perguntar aquela do, do chicharro, ao lado, o chicharro, ao lado...
INQ1 O chicharro...
INF1 (...) No rabo do chicharro?
INQ2 Não.
INQ1 Não. O chicharro de lado, assim dos lados, tem assim uma coisa dura, também.
INF3 É aqui (...) o serrilho. Serrilho, serrilho.
INQ2 É o serrilho.
INF1 O chicharro do lado tem o serrilho.
INF2 Tem o serrilho.
INF3 O serrilho, serrilho, que eu que é o que estou dizendo Senhor Doutor .
INF1 (...) É o serrilho.
INF2 (...) Tem que tirar aquela parte que tem que...
INQ2 E quando são assim uns peixes grandes é que se vê bem naquela espinha do meio, aquilo tem uns nozinhos que ligam uns aos outros.
INF1 Sim.
INQ1 Que até se chupa aquilo. Por exemplo, no bacalhau é bom.
INF1 É os nozinhos.
INF2 É como é que tens aqui atrás das costas.
INF1 (...) É assim é (...) que a gente corta.
INQ1 E como é que se chama?
INQ2 É onde às vezes, por exemplo, num cherne, é onde corta melhor para fazer a posta .
INF1 Sim. Isso é a espinha. E depois corta-se (...) pelo... Como é que se (...) dá o nome disso, já ?
INQ1 Tem que se...
INF2 (...) Parecem uns nós. Tem aqui. É como temos atrás das costas.
INF1 Os meus nós. (...) A gente chama-se o nome de eixo .
INF2 E sabe o sítio onde é que é para cortar, para partir mais rápido.
INQ1 Mas isso tem um nome, tem.
INF2 Tem, tem.
INQ1 Eu não sei é como é que chamam aqui.
INF1 Sim , sabia-se o nome disso.
INQ1 Tem que se acertar no quê?
INF1 A gente tem que se acertar no nó, para cortar.
INQ2 E aquilo que alguns peixes têm por fora que escorrega muito, como a moreia, como a eirós?
INF1 Isso é... Isso é a...
INF3 (...)
INF1 Não, não, não, não. Isso é aquela...
INQ2 Parece uma baba.
INF1 Eu sei o nome disso. Há uma quando eles matam-se (...) o congro...
INQ1 Exactamente.
INF2 (...) Tem uma baba assim como a...
INF1 Eu sei o nome disso.
INF2 Era (...) uma transparente.
INQ2 É.
INQ1 Exactamente, mas que escorrega muito nas mãos.
INF1 Ela escorrega muito.
INQ1 Parece cola.
INF1 Eu sabia o nome disso que está aí. Bem, já (...) não ando nesta vida, já (...) há mais de vinte anos.
INQ1 Ai é?
INF1 É. Mas ainda sei muita coisa disso.
INF2 Agora trabalha. Agora trabalha acolá. 'Baraga' (...) os barcos.
INQ1 Hã!
INF3 Isso é a...
INQ1 Hã! Mas era pescador?
INF1 Não, isso é o... Já era pescador. Pescador (...) e não era (...) dos piores de cá.
INF2 É, já foi (...) .
INQ1 Dos mais fracos.
INF1 (...) O garro.
INQ1 O garro.
INQ2 O garro. Por exemplo, quando o senhor traz o peixe para terra e depois começa com a faca a...
INF1 A gente tem que tirar o garro fora. Aventar o garro, que aquele garro, ele escorrega muito.
INF3 (...) .
INQ1 Tem que se tirar...
INF2 O garro, ele escorrega muito.
INF1 (...) E depois deita, quer dizer, deitam como o marisco e depois deitam mau cheiro. E se aquilo cair na roupa, aquilo... Assim tinham que limpar aquele garro todo.
INF3 Marisco, é como o marisco.
INF2 Tinha que ir antes de a gente a gente deixando secar. A gente sente-se que está lá marcado...
INQ1 Quando não está ainda bem seco, está molhado?
INF1 Está molhado. E depois diz-se: "Olha, (...) o peixe ainda está muito molhado". Quando ele está muito - não está assim tal -: "Olhe, está verde ainda, não se (...) "...
INQ1 Verde?
INF1 Sim.
INQ2 Pois. Está verde.
INQ1 Sim senhor. E não há peixe que se come ainda quando está verde? Ainda está verde, um bocadinho verde?
INF1 (...) Então não se come! Ou qualquer uma qualidade de peixe que se coma sem sal, menos a gata.
INF2 Então não se come!
INQ2 E aqui que peixe é que se costuma salgar?
INF1 A gata é que não se come... Tem que se comer ela ... Tem que deitar a secar para deitar (...) aquele enjoo - que tem um como o mijo - que deita como um (...) cheiro a mijo. A gata deita esse cheiro.
INF2 (...)
INQ2 E costuma-se salgar? Aqui costuma-se...
INF2 É como o bacalhau. O bacalhau quando está seco, cheirou a o cheiro afastado . (...) Todo o peixe (...) - ou seja peixe ou seja carne -, (...) está salgado, deita o cheiro a longe.
INQ2 Mas aqui salgava-se mais ou punha-se ao sol?
INF1 Aqui salga-se muito salga-se-mo , salga-se. Não há peixe que se ponha-se ao sol sem salgar. Aqui, não.
INQ2 Não, mas eu dizia mesmo para guardar salgado.
INQ1 Não, mas só guardar salgado, sem ser ao sol. Por exemplo, fazer em casa peixe salgado para conservar para o Inverno. Antigamente...
INF1 Ah, pois (...) .
INQ1 Antigamente fazia-se isso, ou não?
INF2 Não. (...) Não. Era menos acessível . (...)
INF1 Antigamente não. Agora faz-se. Temos frigoríficos, faz-se. Eu faço em casa.
INF2 Sim. Antigamente, não havia frigoríficos. (...)
INF1 (...) Bem , compro cavalas.
INQ1 Sim.
INF1 Eu escalo ela. Depois de ela estar escalada, alanho. Faço o lanho nela. Salgo. Deixo de um dia para o outro, para deitar (...) aquela moira fora, deitar aquele sangue fora. Depois lavo-lhe bem lavado para deitar aquele sal. E depois pego (...) no peixe, ponho dentro de um saco de plástico e ponho no frigorífico. (...)
INQ1 E quanto tempo é que dura? Quanto tempo é que dura assim?
INF1 Dura Ele dura bastante tempo (...) . A cavala sendo gorda, ela dá um ranço. Então, para não dar esse ranço, ela está no frigorífico.
INQ1 E andaram à escola ou não andaram à escola?
INF2 Cá não! (...) . Ainda hoje em dia somos analfabetos.
INF1 Eu nunca andei na escola. Olhe! Olhe, eu vou-lhe dizer uma coisa como no meu tempo me passou. Eu fui para a escola. E na altura que eu fui para a escola - no tempo do fascismo -, estava na escola - que era ali na vila mesmo, percebe , que eu (...) morava (...) naquele lado; quer dizer, daqui à minha casa é mais ou menos um quilómetro, que eu morava; agora (...) já moro no lado do Funchal - e fui tirado da escola! O professor mandou-me para casa...
INQ1 O professor é que o mandou para casa?
INF1 Mandou-me para casa (...) para meter um senhor rico lá - um filho dum senhor rico, que ainda hoje é vivo; esse rapaz é vivo, que é da minha idade, que é o filho do Senhor Adónis. Foi no meu lugar para a escola e eu fui tirado da escola.
INQ1 Que horror.
INF1 E depois eu (...) fui falar com o Senhor Professor...
INQ1 Mas isso foi mesmo no tempo ainda do Salazar, portanto, já o Salazar governava cá, ou ainda não? Ou ainda foi antes?
INF1 (...) Ele nunca havia de ter nascido. (...)
INQ1 Pois não. A mãe dele, a mãe dele é que não devia nascido.
INF3 A mãe dele, não!
INF1 Não. A mãe dele nunca havia de ter nascido. A mãe dele nunca havia de ter nascido.
INQ1 Exactamente. Se a mãe dele não tivesse nascido, não havia problema.
INF1 E ele também não tinha nascido. E depois de ir falar com o Senhor Professor... Que era um professor que estava aqui,
INQ1 Que horror!
INF1 chamavam-lhe o Orelha Preta. Chamavam. Fui falar com esse senhor. Meu pai é que foi lá, e disse por qual a razão que tinha me mandado da escola .
INQ1 Pois.
INF1 "Tenha paciência"! (...) Antigamente não havia aqui chefes. Era o regedor. "O regedor disse (...) que tirasse o seu filho lá da escola para meter o do tal... Se quer que ele que vá para a escola, vai para uma escola" que era pago por mês - que era aqui nesta casa que (...) está aqui mesmo em frente; era uma professora que estava ali particular.
INQ1 Que dava aulas a particulares.
INF1 Dava aulas ali.
INQ1 Então, mas o rico é que podia ter ido para lá!
INF1 (...) Sim, o rico é que podia ter ido para lá. Mas o rico não foi. E, quer dizer, o rico foi para acolá - que podia pagar -; e eu que tinha que ir para ali que era para pagar cinco escudos por mês. E meu pai não podia.
INQ1 Pois. Cinco escudos nessa altura era muito dinheiro.
INF1 Sim. E meu pai não podia pagar.
INF2 (...) Nada.
INQ1 Era um horror.
INF1 Não é nada, mas a gente ficámos só com cinco filhos. Nessa altura, ficámos só com cinco filhos. Mas tinha-se... Minha mãe tinha nove, nesse tempo. E o mais velho era eu; e um que está no Brasil. Éramos os dois mais velhos.
INQ1 E nenhum dos seus irmãos estudou?
INF1 Todos estudaram, só menos eu.
INQ1 Só menos o senhor?
INF1 Só menos eu e o mais velho. Tive pena, mas...
INQ1 Claro, então.
INF1 (...)
INQ1 Teve toda a razão.
INF1 Depois de eu ter cinquenta anos, é que pendi a ir à escola.
INQ1 Ainda foi à escola?
INF1 Ainda quando é que fui lá .
INQ1 E aprendeu, então?
INF1 Foi quando aprendi um pouco.
INQ1 Pois é, realmente,
INF1 Já viu o que era?!
INQ1 antigamente... Quer dizer, agora também é mau, mas antigamente ainda era, ainda era pior.
INF1 (...) Mas tenho honras (...) de dar a escola aos meus filhos todos. Tenho muita honra de dar a eles. Tenho uma filha... Tenho dois filhos a trabalhar no governo, uma filha e um filho. Mas tenho honras de dar as escolas a ele. Tenho muita honra.
INF2 Ah, bom! Tu (.../VB) com a dele!
INQ1 Olhe, já está a gozar consigo.
INF2 Isso é que é cavalo !
INQ1 Está a gozar consigo.
INF1 (...) Mas estudaram! Nada mais natural!
INF2 Estudaram!? Quantos e quantos têm estudos e não agarram um...
INF4 (...)
INF1 Olha, (...) mas os meus filhos tiveram sorte. E estudaram. Tive muita honra de dar estudos a eles!
INF3 (...)
INF2 (...) Você tem razão, tem razão. Claro! Sim senhor, sim senhor.
INQ1 Claro, fez muito bem. Pois é.
INF1 Muita honra!
INQ2 O senhor Altino gostava de perguntar uma coisa.
INQ1 E os seus filhos já são muito, já são novos? Já vieram depois do tempo do Salazar ou vieram antes?
INF1 Ah, meus filhos já vieram daí para cá.
INF3 Antes.
INF4 Já (...) antes.
INF1 Quer dizer, (...) tive uma filha que foi do tempo dele. Mas ainda dei-lhe o estudo. Paguei. Paguei a uma professora particular para lhe dar a escola.
INF1 Meus pais não chegaram a tempo de...
INQ Então também ajuda...
INF2 Não , não trabalhei porque o meu pai nunca quis que eu fosse pescador.
INF1 Não podiam mesmo. (...) Os meus pais não podiam mesmo dar-me a escola. Não podiam pagar. Mas, eu sempre lutei, trabalhei...
INF2 Não. É muito...
INQ É mau. É verdade.
INF2 Naquele tempo, meu pai era tudo...
INQ A remos.
INF2 Não havia motores. Meu pai tem sessenta e nove e começou logo - o quê - com cinco, seis anos, seis, sete ...
INF1 Trabalhei (...) para dar a escola a eles.
INF Ia-se para o mar de tarde. Andava-se à noite a procurar. (...) Se viesse peixe ali à luz, a gente, nós, pescava-se: (...) os chicharros e a cavala.
INQ...
INF Chegava-se a hora , não tinha hora de chegar (...) . Se fosse muita quantidade - que a gente visse (...) que era muita quantidade - não vinha-se, não se tinha hora de vir para a terra.
INQ De vir para a terra.
INF Quando era pouca quantidade, chegava-se ao fim do dia, ia-se para a Deserta, à sorte, a remar a remos - ainda agora, agora é tudo a motor; agora nesse tempo, era a remos - (...) para aquelas rochas de lá fora.
INQ Dantes era a remos.
INF Às vezes, não se matava nada. Enfraquecia-se de comer. Ia-se por um dia, levava-se um pãozinho e mesmo que tenha nada, toca. A gente, se o vento fosse contra, a gente tinha-se que ficar de fora. Eram setenta coroas, era um cheque , conforme...
INQ Então mas iam em barcos maiores, nessa altura?
INF Cá não há . Hoje em dia não há problemas. Não há problemas.
INQ Têm que ter. Pois. Agora têm motores, claro.
INF (...) Está vento, (...) não se pode resistir, vamos-se embora para casa. É assim, as coisas assim.
INQ Pronto, se eu bem percebi o tipo de barcos que por aqui havia é só, há o barco, há a canoa e há a chata, não há mais nada?
INF Pois não há.
INF1 Está aqui, já está aqui marcado. Está aqui marcado já.
INQ1 Olha está aqui João.
INQ2 Está aí a faixa?
INQ1 Explique lá agora aqui para o microfone,
INF1 Isso era uma luz-de-cão.
INF3 Uma luz-de-cão.
INQ1 Senhor Ariosto, explique lá aqui para o microfone. Venha cá. Explique lá. Explique...
INF2 Usava-se a petróleo (...) .
INF1 (...) Isto era uma luz-de-cão que os barcos andavam.
INF3 É para aqueles caranguejos que a gente se deitasse - falava-se caranguejos de... Como se chama?
INF2 Caranguejo estonado.
INF3 Não! É aquele que salta - saltava saltavam . Eles usava usavam muito isto. E os caranguejos-cão agarrava-se assim.
INQ2 Chama-se luz-de-cão.
INF3 Luz-de-cão.
INF2 Sim, antigamente quando estes barcos daqui, por mor de buscar a luz ... Essas redes de fole que andavam aqui, eles levavam (...) estas luzes, estas luzes que é cheio das que é cheiro a luzes-de-cão - que isto era isto é deitado gasóleo aqui dentro, e aqui levava um pedaço de saca, com um funil, um pedaço para dentro, aqui dentro.
INQ1 Que é de fole?
INF1 Naquele tubo. Naquele tubo enfiava-se um pedaço de saca. Embrulhava-se e deitava esse, esse...
INF2 É. Aquele tubo. E as redes já eles era deitados já naquela rede de fole, era puxado. Um homem é que levantava a rede para o ar. Depois era feito o sítio para meter o peixe dentro. Quando se chegava à terra, estava-se brancos, como aqueles pretos de África, daquele óleo, (...) do fumo. Do fumo.
INF1 Do fumo, do fumo, do fumo.
INQ1 Do fumo que saía daqui.
INF2 Do fumo que saía daqui, lá na nossa casa.
INF3 Não havia luz.
INF2 Era elas ali.
INF1 (...)
INQ1 E agora há...
INF2 E depois o peixe, não se podia tirar um peixe para comer, nesse tempo. Tinha que ir todo para a lota, que vinha um guarda-fiscal. Vinha ali depois um guarda-fiscal ver .
INQ1 Então e como é que era dividido o peixe? O senhor não tinha direito a peixe para levar para casa?
INF2 Tinha. Mas ele lá - o guarda-fiscal - dizia (...) ... Depois tinha que se levar escondido, que era pouco . Se fosse de mais, já (...) não se podia levar.
INF4 Que eles não deixavam . O guarda-fiscal não deixava.
INF3 Às vezes peixe roído. (...) O peixe que era roído então sempre dividiam se dividia (...) para o pessoal.
INF2 O peixe que não tinha consumo, vá lá.
INF3 Que não tinha consumo.
INF1 O peixe que não tinha consumo é que eles se dividiam logo.
INF3 Essa xara, (...) essa xara está aqui, é o que rói muito a espada preta. Às vezes quando vem vindo, já vem um pedaço tirado, já não...
INQ1 Já vem um bocado tirada?
INF3 Está sempre a partir, está...
INF2 (...) Agora as redes matam o chicharro e a cavala. Talha-se tudo e o peixe já está ali. E vai a rede por baixo - já trancado trancados -, fica fechada por baixo, já fica tudo preso . Agora é uma brincadeira.
INQ1 Olhe e não havia aqui uma, uma rede chamada tarrafa?
INF3 Há, sim senhora, há.
INF2 Há a tarrafa,
INQ1 Como é que é?
INF2 mas é proibido.
INQ1 Mas é agora... Ai é proibido?
INF2 É proibido por cá.
INF4 (...)
INQ1 Que é aquela que as pessoas atiravam à mão?
INF2 É deitada à mão. É proibido.
INQ1 Ai, é proibido?
INF3 Ainda há, ainda há.
INF1 Há. (...) Há muitas aqui de noite. Há muitas aqui de noite .
INF2 (...) Hoje em dia, só tendo (...) um barquinho assim, uma canoa com uma rede pequena... Eles não deixam.
INQ1 Lá já tem sido proibido, outras vezes, lá algumas vezes é proibido, outras vezes não é.
INF3 É proibido.
INF2 Tem que ser é aquelas, mas não é das grandes. As grandes é que se apanha .
INQ1 E é para apanhar que tipo de peixe?
INF2 (...)
INF1 Para apanhar a tainha,
INQ1 Tainha.
INF1 (...) a tainha, a salema...
INQ1 Mas não há muita tainha, não há muita tainha?
INF1 Ah tem! (...)
INF2 Há tainha bastante aí.
INQ1 Então porque é que não se pode apanhar com a tarrafa?
INF1 Oh, (...) não deixam.
INF2 É proibido.
INQ2 Deve ser por causa da malha.
INF1 É proibido por causa da malha.
INF1 Agora estes rapazes novos não sabem aquilo que a gente passámos.
INQ Pois é. Ai sim, estes meninos assim mais pequenos...
INF2 (...) Estes rapazes novos nem sequer sabem o que passavam (...) .
INF1 Não, não sabe. Há gente não sabe. Não sabem o que a gente se passámos aí.
INF2 (...) Não passaram fome, nem obrigação...
INQ Claro.
INF2 (...)
INF1 A gente remava... A gente pegava num remo, íamos (...) ... Tanto me custou ser eu como este senhor e outros do meu tempo.
INF2 (...) Não se poder puxar, não é ?
INQ Do frio, não é?
INF2 As mãos (...) inchadas, que não se poder trabalhar. (...) A gente pôr a molhar! A gente pôr as mãos assim! Som de palmadas nas mãos
INF1 Mas no frio. Tinha-se de ser assim mesmo como tábuas. De novo, som de palmadas (...) Do remo, ficava-se como calos.
INF2 (...) Como a tábuas .
INQ Pois, pois.
INF1 Eu ainda tenho isto aqui - ainda tenho isto - desses calos desse tempo.
INQ Pois, pois.
INF2 O que nós queríamos é que eles...
INF1 Que a gente queria pegar no aparelho...
INQ Não conseguiam quase por causa de... Não sentiam as mãos.
INF1 (...) A gente queria-se meter a mão na água (...) para amolecer - para aquilo ficar (...) mole - para a gente poder pegar no aparelho.
INF Ah, isso é sapo. É sapo, sim senhor.
INQ1 Está bem.
INQ2 Ai, o sapo era do que tinha bicos?
INQ1 Tem bicos quando enche.
INQ2 Ah! Então esse não há lá.
INF Este é o sapo.
INQ2 Este a gente não tem lá.
INF Tanto mata-se aqui na costa, como vem às espadas também,
INQ1 Sim, sim.
INF este peixe.
INQ1 Então olhe, então eu pergunto-lhe aqui do princípio que já está... Portanto, este, o senhor já tinha dito, não é?
INF Pois. (...) Esta é a abrótea. A abrótea. Este é a agulha, pronto. (...) Este, este é o peixe de água doce que a gente chama-se. Um peixe de água doce. Mas eu ele é raro a gente ainda se mata aqui (...) .
INQ1 Eles aqui chamam, não chamam? Há bocado não falou no alfonsinho?
INQ2 Esse. Falou deste. O alfonsinho é este.
INF (...) Este é o alfonsinho. Este é o alfonsinho. Este é o largo; este é o estreito. Há duas qualidades de alfonsinho, está a compreender? Mas a gente chama-se (...) o estreito e o largo.
INQ Não há nada que se chame o charuteiro, aqui?
INF Diga?
INQ Charuteiro.
INF Há, sim senhor. Há, sim senhor. Há muito, mas isso (...) é difícil de a gente agora matar. Sabe porquê? Porque em tempo havia, matava-se dois, três quilos. Cheguei a matar, mas não era aqui nestas águas. Era mais nas águas assim para o lado (...) do Paúl, ali do Jardim do Mar... Eles dava-se . Mas é que uma certa era para cá, aparece muito charéu miúdo. (...) Que a gente se veja! Mas não se pode. Aquilo são uns charéus, peixe (...) com muito muita chicharro e daquela cavala. Mas (...) o que se diz é que aparece desse, mas voa só nestas redes. Mas, houve esse peixe-malha. Mas em tempo, (...) matava-se. Quando se ia à pesca da bicuda é que se matava o chicharro (...) - esse charuteiro.
INQ Charuteiro.
INF Charuteiro. Matava-se dois, três. Diz também que não se matava esse peixe, também. E matava-se também meros, também com esse peixe.
INF1 A gente dá-se um nome qualquer este peixe. Mas há pouco deste, aqui.
INQ1 Às vezes vem misturado com a sardinha.
INF1 Há. Vem (...) a petinga, como uma petinga - (...) que a lula (...) agarra-a, esta aqui.
INQ1 Então, mas o que é a petinga?
INF1 Senhor?
INQ1 O que é a petinga?
INF1 Olhe, é um peixinho (...) que a lula agarra-se. (...) O gaiardo também apanha - o peixe mais grande... Como é que a gente chama-se? A abundância (...) do miúdo obedece, o grande vem atrás. Está compreendendo?
INQ1 E a petinga é essa...
INF1 (...) A gente chama-se (...) uma o petinga - o a uma petinga que (...) vai saltando e o peixe prrr.
INQ1 Mas não tem nada a ver com a majonga?
INF1 Não tem, não tem, não. É outra classe.
INQ1 É outra coisa.
INF1 É outra classe, outra classe, outra classe.
INQ2 Já que estava a...
INQ1 Portanto, diz, diz.
INQ2 Já que estava a falar de peixe miúdo, também se chama roama aqui ao peixe miúdo? A todo?
INF1 Chama-se roama, aqui. Como é que os senhores dizem? Carapau. Mas a gente não se dá o nome de carapau. Chicharro miúdo, chicharro grande - a gente dá-se dá-se-lhe assim -, manica, cavala. (...)
INF2 Manica.
INQ2 Diga?
INF2 Manica, não é?
INQ1 Manica o que é?
INF1 Manica (...) é como a cavala, mas em ponto miúdo, em ponto miúdo.
INQ1 Ah! Mas é igual à cavala?
INF1 É igual à cavala, mas vai crescendo...
INQ1 E fica cavala?
INF1 A gente chama-se... (...) É como a gente - os senhores - em Lisboa: (...) a cachopa.
INQ1 Sim.
INF1 Está compreendendo?
INQ1 Não é em Lisboa. É no norte, no Porto.
INF1 Pois. (...) Mas cada qual tem a sua pronúncia de língua.
INQ1 Por isso é que a gente está a perguntar isto.
INF1 Pois.
INQ2 Aqui não há nada que se chame lingueirão, biqueirão, não há nada?
INF2 Há, há.
INF1 Há, há, há o biqueirão. Mas há (...) o biqueirão em Lisboa...
INQ1 Mas não é isto?
INF1 Em Lisboa há. Aqui é que não há.
INQ2 Não, mas aqui. Eu estou a falar dos peixes daqui. Biqueirão não há.
INF1 Daqui, (...) há o biqueirão, mas é diferente de Lisboa.
INQ2 Então como é o biqueirão daqui?
INF1 O biqueirão é um peixe que... (...)
INQ2 Ah é vermelho?
INF1 Vermelho. (...)
INF2 Por baixo é branco. Por baixo é branco.
INF1 Por baixo é branco, mas por cima é como a - como é que a gente chama-se?- salmonetes.
INQ2 Sim.
INQ1 Sim.
INF1 É como - a gente chama-se - os salmonetes. Mas é diferente do de Lisboa. O biqueirão de Lisboa é uma coisinha assim mais ou menos isto, mas tudo estreitinho.
INQ2 Sim. É.
INQ1 Exactamente. Pois, pois.
INF1 Está compreendendo a compreender ? Mas não há cá muito. Está a compreender? (...) Sai (...) do mar para a rua quando o sol cresce. E aqui é o raro a gente matar (...) . Nunca se vimos este peixe.
INQ1 Era um peixe que havia antigamente; não há para aqui.
INF1 (...) Não se conhece. Não se conhece.
INQ1 Era um peixe que já não... Desapareceu também do continente.
INF1 Pois já não há . Agora, estas armações...
INQ1 Era muito caro. Era muito caro este peixe.
INF1 Ah, era muito caro.
INQ2 Tinha uma pele muito dura.
INQ1 Chamavam-lhe esturjão.
INF2 Eu cá, eu recordo muito bem o nome desse.
INQ1 É. Chamavam-lhe esturjão ou solho-rei, solho, era um, mas é um peixe que já desapareceu há muitos anos. Olhe...
INF1 Ah, isto é, é peixe-cavalo que lhe chamam. Peixe-cavalo. Mas não, (...) não se mata aqui.
INQ1 Olhe e este também que aparece com, parecido com o peixe-cavalo também é, mas é assim também duro como o peixe cavalo?
INF1 Não, não, não, não. (...) Não há disso desse . Não há disso desse .
INF Sim senhor. Este é (...) um peixe-cão.
INQ1 Novecentos e trinta e seis, pequeno.
INF (...) Um peixe-cão.
INQ1 Peixe-cão.
INF Sim senhor. (...) Que mata-se aqui mais na costa.
INQ1 Sim senhor.
INQ2 E é bom ou não?
INF Olhe, tudo o que Nosso Senhor depare é bom.
INQ2 Olhe e parecido com esse...
INF Mas só menos dinheiro, que Nosso Senhor não deita dinheiro (...) . (...) Isto o dinheiro é para o João das Festas, é (...) para o Cavaco Silva, para o Mário Soares, para (...) ricos. Ele seja de dos ricos, os pobres fica ficam sempre abaixo de zero.
INF1 O que (...) a senhora chama de dourada é as choupas. Choupas. O que a senhora se chama douradas é esse choupa. Mas (...) em França há desse que a gente (...) chama-se dourado, mas isso esse (...) aqui chama-se choupas.
INQ1 Sim senhor. Pronto, aqui assim este peixe não há? Assim? Não?
INF1 Não. Não se conhece esse peixe. Não se conhece.
INQ1 Novecentos e quarenta e um. E assim este que tem umas riscas?
INF2 É a salema.
INF1 (...) A salema. (...)
INQ1 Tem umas riscas amarelas, não é?
INF2 É uma salema.
INF1 Está aqui o goraz.
INQ1 Este aqui é?
INF1 Um goraz. Chama-se um goraz.
INQ1 Um goraz. Sim senhora.
INQ2 Novecentos e quarenta e três. Mas o goraz não tem uma pintinha preta cá por cima?
INF1 (...) Tem (...) uma risca (...) ...
INQ1 Não, olhe, não é este não.
INQ2 Não, esse não é.
INQ1 Eu julgo que este não é o goraz. O goraz não é um que tem uma pinta castanha, aqui no lombo?
INF1 Olhe, (...) está aqui um. Está aqui. Está saindo (...) aqui um goraz. Olhe, veja.
INQ2 Pois, mas a gente queria perguntar era este aqui.
INQ1 Este vermelho assim.
INQ2 Mais vermelhinho.
INF1 Esse Isso aqui não há. Sabem isto que peixe é?
INQ2 Que é mais...
INQ1 Tem muitos bicos aqui.
INF1 Queres pescar esse peixe? Há muito na África, deste aqui.
INF2 Ah, é o cachucho.
INQ1 Ah!
INF1 O cachucho, o cachucho, vá lá.
INQ1 Mas vocês aqui não pescam?
INF1 Não, não. Não há, não há, não há.
INQ2 Aqui não há.
INQ1 Não há mesmo aqui, neste mar?
INF1 Não há, não há, não há.
INF1 É um coelho-de-natura que está aqui.
INQ2 Não, mas o, o escolar é castanho, é castanho...
INQ1 Como é que chama a este? Espera aí.
INF1 O escolar (...) é doutro feitio.
INF2 Tem um de leira , tem um de lixa e tem um liso, que é branco, todo branco. Tem um que é todo branco.
INQ2 Sim. Mas há um que é castanho?
INF2 Há um (...) que é salgado. É este que é escolar-de-natura , que é salgado. (...) Mas também comendo muito, faz mal. Tem que comer um pedacito, salgado. (...)
INQ1 Mas o coelho-de-natura é que eu gostava de perceber o que era?
INF1 O coelho-de -natura, (...) morrendo (...) lá na profundidade...
INQ1 Que tamanho é que tem? Que tamanho é que tem?
INF2 É aquele grande. Há destes assim. Há destes de dois quilos.
INF1 (...) Tem de meio metro. Tem de um metro. Tem mais de um metro.
INF2 Tem de um metro.
INF3 Tem de um metro, até.
INQ1 Sim, e também faz mal a, a espinha?
INF1 Faz mal, sim senhor.
INF2 A espinha faz mal comer. Quer dizer, não faz mal . Quer dizer, chupando, tem muita gordura, faz mal.
INF3 Tem muito óleo.
INF2 Muito óleo.
INQ1 Ah, mas não faz mal à barriga, como o escolar.
INF3 Oh! É igual.
INF1 É igual, é igual.
INQ1 Ai, é?
INF3 Como o escolar...
INQ1 Então agora não sei se este é escolar se é coelho-de-natura.
INF1 Não, isso não é escolar. Escolar não é.
INQ2 Mas o senhor disse que o escolar é branco.
INF1 Tem duas qualidades.
INF2 (...) Há duas qualidades: há um branco e há um amarelaço, que é o que salga-se, que é bom de comer. Mas também não se pode comer muito que aquilo (...) dá dor de barriga.
INQ2 Pois.
INF2 E o outro já pode-se fazer filetes (...) ...
INF3 Mas se ele tem o feitio dum coelho, está aqui.
INQ2 Mas esse coelho-de-natura é... é castanho?
INF1 É preto.
INF2 (...) É como preto. (...) É escuro, é escuro.
INQ2 Preto, escuro, é escuro. E tem o olho esverdeado?
INF2 E eles levam depois a pele, desfazem em filetes, porreiro para comer. O outro é que não.
INF1 Pois.
INF2 O outro tem que se salgar.
INQ1 Olhe, então estes aqui são...
INF3 São as tais das aranhas.
INF2 Isto é a aranha.
INF1 Isto é um perigo.
INF3 Isto tem uma espinha aqui perigosa.
INF2 É bom de comer, é bom de comer. Quando ela é grande, é bom de comer. (...) É a mesma coisa que o chicharro. O que tem é que aqui picou, inchou. Se não tirar o fígado dele para pôr em cima...
INF3 Isso é um peixe bom de comer. O que é que é do lado da cabeça tem uma espinha ...
INF1 Tira-se o fígado e...
INQ1 O fígado dele?
INF2 O fígado dele é muito bom para pôr em cima.
INF1 Pega-se para quando não quando incha.
INF2 Incha, e depois cria. E começa a criar e então dá dores que...
INQ1 Olhe e os, chamam sempre aranha, qualquer que seja, não é?
INF3 É aranha, é aranha.
INF2 Isto é tudo aranha.
INQ1 Tudo aranha?
INF2 Tudo aranha.
INF1 (...) Aqui tem cabras misturadas.
INQ1 Tem cabra misturado, tem. E veja...
INF1 Ah, então também tem cabras misturadas.
INQ1 Exactamente. E esta aqui? Se calhar, vê-se mal. Veja lá...
INF1 (...) Esta aqui é uma cabra; este aqui já não é . Já este peixinho é que eu não sei o que é.
INF2 Parece uma abrótea.
INF1 Não, não, não, não, não é.
INF3 Isto não é.
INQ1 É parecido com a cabra.
INF3 Tem a antena para o tecto , mas está sempre para baixo.
INF4 É parecido com a cabra , mas não é uma cabra.
INF3 Mas não é uma cabra.
INF1 (...) Pode ter outro nome. Pode haver aqui, mas tem outro nome.
INQ1 Mas aqui chamam-se a esse género cabras, é?
INF1 Aqui, isto aqui é tudo cabras.
INF2 Isto é tudo cabra. Isto é uma cabra; também está aqui.
INF1 Aqui é cabra. Isto aqui...
INQ1 Sim senhor.
INF2 Esse já não.
INQ1 Esse aí já não, esse...
INF1 Esse já não é.
INQ1 Esse como é que se chama?
INF2 Este aqui é . Este aqui (...) chama-se par-de-gatas.
INF1 Isto é um par-de-gatas. Chama-se um par-de-gatas.
INQ1 Como?
INF2 (...) Quer dizer, um peixe que tem estas riscas assim chama-se par-de-gatas.
INQ1 Par-de-gatas?
INF2 Pois. A gente chama-se aqui.
INF3 Aqui na Madeira, temos outros nomes de peixe do que no continente.
INF2 No continente, também deram-lhe nomes que não se sabe .
INQ1 Pois é, pois é. Por isso é que a gente cá está a perguntar.
INF3 Pois é isso, é.
INF1 E este é igual a este?
INQ1 É, é.
INF2 Este é igual.
INF1 O outro não é.
INF3 O outro tinha a boca é acessada .
INQ2 É que está mais abertos, pela boca.
INF2 Par-de-gatas.
INQ1 Par-de-gatas.
INQ1 E esse peixe-sapo que está a falar não é assim pequenino?
INF É assim pequenino.
INQ2 Não. É grande!
INF Dá pequenino e dá grande.
INF1 (...) Isto é enguias, enguias.
INQ1 Enguia?
INF2 A gente chama-se aqui eirós.
INF1 (...) Chama-lhe eirós. A gente chama-se aqui eirós.
INF2 A gente chama-lhe eirós.
INF3 Chama-se eirós mas (...) é enguia.
INQ2 Mas diz-se mais eirós aqui?
INF3 Diz-se mais enguia.
INF4 Aqui, aqui, a maior parte é eirós.
INF1 Também chama-se enguias, (...) mas chama-se eirós.
INF5 Congro.
INF4 É congro! É eirós aqui .
INF2 Aqui chama-se é eirós!
INQ1 E quando é grande é que é eirós ou quando é pequena?
INF2 O eirós é diferente. A cabeça do eirós é diferente (...) do congro.
INF4 É mais pequenina.
INF3 É mais pequena.
INF1 É mais pequena.
INQ1 É diferente do quê?
INF1 Do congro.
INF3 Do congro.
INF2 É mais diferente. É diferente do congro.
INF1 É um congro. (...)
INF3 (...) É mais curta a cabeça.
INF2 É congro.
INF1 (...) Esta é mais verde. Esta é mais verde.
INQ1 Mas é pequena, esta é mais pequena. Esta é mais pequenina.
INF3 E a espinha é verde. E a espinha é verde. A espinha deste peixe é verde.
INF1 A gente não se come, mas os de Lisboa diz que comem daquele peixe (...) .
INQ1 Mas ouça uma coisa, mas é muito diferente porque estes peixes são mais pequenos, não é?
INF1 É mais pequeno.
INF3 A tromba é maior.
INF1 Parece quase uma cobra, assim comprida, não é?
INF1 É, é. O congro também é maior.
INF3 Vês aqui o congro?
INF1 Aqui, o congro.
INQ1 O congro é esse?
INF2 Aqui é o congro.
INF3 Isto é a moreia.
INF2 Isto é a moreia.
INF1 Isto é a moreia.
INF3 Isto é a moreia. Moreia, moreia.
INF2 É pintada.
INF3 É pintada.
INQ1 Olhe e costumam...
INF4 Há uma pintada .
INQ2 Há uma moreia pintada, não é?
INF1 Há a moreia pintada, sim senhor.
INF3 É.
INF2 (...) Há duas qualidades de moreia.
INF1 (...) Há duas qualidades.
INQ1 Ai, é?
INF2 Há preta e há mulatinha .
INF3 Há uma mulata e...
INF4 Não há só duas!
INQ2 E um que é mais escuro, só de uma cor só?
INF1 Há mais! Há mais qualidades. Mas tem uma moreia pintada, tem uma preta que também... Uma preta, que é tudo preto, que é mais pequena.
INF2 Mas há o moreão e há a moreia.
INF2 Há o moreão e há a moreia, o que é o moreão é aquele todo preto. Dá preto.
INQ2 Qual é a diferença?
INF1 Deste há mais de uma qualidade.
INF2 Dá preto.
INQ1 O moreão é o preto?
INF3 O moreão é o preto.
INF2 (...) Sim. E a moreia é pintada. E há outra moreã E a outra é moreã , preta.
INF1 Ela está aqui em seca .
INQ1 Sim senhor.
INF2 Olhe, está aqui um seco, uma moreã.
INQ1 E costumavam secar a moreia, ou não?
INF1 Diga?
INQ1 Costumam secar a moreia?
INF1 (...) Antes secava.
INQ1 Agora já não?
INF2 Há muitos que secam.
INF1 Há muitos que secam e outros que não secam.
INF3 Eles Mas fazem agora é caldeiradas (...) .
INF1 Não. Fazem frito, frito.
INF3 Ou frito, depende.
INF1 Fazem, quer dizer , com cebola (...) .
INF2 Mas também seca também fica boa.
INQ1 Olhe, e este assim?
INF1 Isto é um tubarão. Isto é tudo (...) a seita do tubarão.
INF2 Oh, mas (...) está aqui um cação, não é?
INF3 É o cação. É um Ou tubarão.
INF1 Um tubarão.
INQ1 Não. Este é assim um que tem umas pintas?
INF1 Isso (...) é tudo tubarão. Isto é tudo tubarão.
INF2 A gente chama-se aqui.
INQ1 Como?
INF3 Chama-se aqui o cação.
INF1 O cação, mas é tudo tubarão.
INQ1 Então qual é a diferença entre o cação e o tubarão? Olhe, veja lá aqui também.
INF4 É tubarão .
INF1 É tudo tubarão. Isto é tudo tubarão. (...)
INQ2 Pois. Mas não há nenhum que se chame marracho aqui?
INF2 Tem o marracho.
INF1 Há o marracho. O marracho é diferente.
INF4 Há.
INF3 Este aqui, este é que é o tubarão!
INF1 Ai! (...) O tubarão aqui. Este, este é o marracho. (...) Este é como o marracho, mais ou menos. (...) Mas tem a dentuça. Olha a dentuça onde é que fica! Fica ao lado.
INF2 Olhe, tem (...) as guelras...
INF3 Este peixe...
INF2 Olha, está aqui.
INF3 A tintureira, não é? A tintureira.
INF2 Não é, não é. Isto é o cação.
INF1 Cação. Isto é o cação.
INQ1 Isto é cação?
INF3 Tudo tubarão, é tudo tubarão.
INQ1 Mil e nove.
INQ2 Algum, algum dos senhores falou em tintureira?
INF3 Há tintureira também o que é que é quer que a ...
INF2 Há uma tintureira. Há a tintureira.
INF1 A tintureira.
INQ1 Mas a tintureira não está aqui, está mais para a frente também.
INQ2 Ai não está aí?
INQ1 Estes também se apanham aqui, ou não? Que só servem até, só aproveitam o óleo do fígado?
INF1 Esse apanha-se aqui, apanha-se.
INF3 Isso é tudo cação.
INF2 (...) Acho que não é xara.
INF3 Isso é tudo cação.
INQ1 Uns que só apanham o fígado, só guardam o fígado, deitam o resto fora. Lá, pelo menos, no continente, fazem isso.
INF2 A xara? A xara não é.
INF1 Mas aqui eles não guardam o fígado disso.
INF3 Isso é preciso ter (...) aquele bico - o bico doce de osso .
INF1 Não aqui eles não guardam o fígado disso. (...)
INF4 É tintureira. (...)
INQ1 É uma pele muito, que raspa muito?
INF4 É tintureira.
INF2 A xara. Mas isto não é a xara.
INF4 Mas isto não é a xara.
INF3 Isto não é xara, senhores.
INQ1 Não?
INF2 Não. A que a senhora está falando...
INF3 Esta é.
INQ1 Essa.
INF2 É esta é que é, que a pele parece uma lixa.
INF3 Esta é uma gata.
INQ1 Exactamente.
INF1 Esta é a gata, a gata. Mas (...) aqui aproveita-se.
INF2 A carne até aproveita-se, também.
INF1 (...) Essa chama-se a gata.
INQ1 Qual é a diferença entre a gata e a xara?
INF1 É diferente. O bico e tudo é diferente.
INF2 É diferente que a gata - a pele da gata -
INQ1 Sim.
INF2 corta mais as mãos que a xara. (...)
INQ1 Mas a gata não é uma que tem pintas? Não é assim, não é assim deste género assim com pintas, a gata, não?
INF1 Não, a gata é toda preta.
INQ1 A gata é toda preta?
INF2 Que é isto? Isto é uma gata que está aqui.
INQ1 Deixa-me lá ver que eu tenho a impressão que ainda tenho aqui mais uma. Veja lá.
INF4 Tem que ser assim o olho esverdeado .
INF3 Não sei.
INF2 É essa mesmo.
INF1 É esta mesmo.
INF2 Isto é uma gata que está aqui.
INF1 Isto é uma gata que está aqui.
INQ1 Essa é que é uma gata?
INF1 E há a trambolha, também. Chama-se um peixe igual.
INQ1 Essa é que é a tintureira?
INF1 (...) Tintureira. Há um que chama-se também trambolha que é igual a esta.
INF2 Então, olhe, a tintureira está aqui.
INQ1 Sim senhora.
INF1 Que é maior. Que é grande.
INF2 Tem o rabo mais comprido.
INQ1 Portanto, há uma gata, há uma...
INF1 Trambolha, trambolha.
INF2 Há a trambolha.
INQ1 Trambolha, e a outra que tinha dito...
INF2 Xara.
INQ1 Xara.
INF1 Xara.
INF4 E há a trambolha também.
INQ1 E como é que eu distingo uma xara de uma trambolha e de uma gata? Como é que eu distingo?
INF1 É que (...) , a outra escorrega muito. A trambolha escorrega muito. Tem muito lodo.
INF2 A xara tem a cabeça mais larga.
INQ1 A trambolha escorrega.
INF1 Escorrega. Tem lodo. Tem muito lodo.
INQ1 Ah, não tem, não é aquela...
INF1 (...) Aquela leira; aquela leira que está aí .
INF2 E a pele da xara é mais áspera.
INF1 A pele da xara, a xara não tem...
INF3 A xara, a cor é castanho escuro.
INQ1 Sim senhor.
INF4 Dê-me aí (...) o cutelo , (.../INTJ) !
INQ1 Olhe, e estas assim?
INF2 Isto não é o (...) ratão? Não.
INF1 Isto é ratão.
INF2 Ratão.
INF1 Chama-se rata. Ratões.
INQ1 São todos assim?
INF3 São grandes, também.
INQ1 São grandes são.
INF1 São grandes, são.
INF3 É como isso, comprido .
INF1 Este também é igual.
INQ1 Isto é tudo igual? É tudo...
INF2 Ratão.
INF3 Tudo ratão.
INQ1 Tem tudo o mesmo nome é?
INF3 É este aqui, o ratão .
INF1 Bem, este, também, este é diferente já deste.
INQ1 Olhe.
INF2 Aqui há desse .
INF1 Estes aqui, também há destes.
INQ1 E este aqui também.
INF1 É tudo raias. Também chama-se ratões e chama-se raias.
INF2 Há desses também.
INQ1 É o mesmo?
INF1 É o mesmo.
INQ1 E da lula, aquela coisa fininha da lula que está lá por dentro?
INF4 É a espinha do meio.
INF3 A espinha do meio toda .
INF1 A espinha do meio.
INF2 Não leves isso para acolá.
INF1 Esta também é igual. (...)
INF3 Essa é a volante.
INF1 Esta é a volante.
INF3 A pota.
INQ1 Eu acho que esta é que é a volante, não?
INF1 Não! Esta é que é a pota.
INF3 A volante é outra.
INQ1 Esta é o quê?
INF2 A pota, que é a lula.
INF3 A lula, a lula.
INF1 A lula.
INF3 Esta aqui é a lula - a lula que a gente gasta cá.
INF2 Faz a espada - para a isca da espada.
INQ2 É o nome que se dá fora, ou dá-se aqui também?
INF2 Aqui. Dá-se mais aqui.
INF1 (...) Aqui dá-se mais a pota.
INF3 A pota.
INF1 Também chama-se lula, mas chama-se mais a pota.
INQ1 O nome é, portanto, esta é a pota, e esta é a volante?
INF3 Este Isto é o volante.
INF1 Este Isto é o volante. (...)
INF3 É mais escuro.
INF1 Já vê que é diferente. (...) Veja aqui (...) a barbatana (...) ...
INF3 Mais doce também .
INQ1 Mas é, esta é melhor, ou não é?
INF2 É melhor.
INF3 Esta é doce.
INF1 É que a barbatana (...) vem ter aqui. E veja esta.
INF2 E a outra sai pequenina (...) .
INF1 A outra é pequenina; vem ter só até só aqui.
INF2 O corpo é mais comprido.
INF1 E esta é que é boa para isca, para a espada.
INQ1 Sim senhora.
INF1 Isto é polvo, isto é polvo.
INF2 Isto é polvo.
INQ1 Isto é o quê? Isto é o quê?
INF1 Isto é polvo.
INQ1 Ah, então espere lá. Então espere lá para me dizer aqui estas, como é que se chamam estas coisinhas aqui do polvo?
INF1 Isto é as pintas dela que é que apanha ...
INQ1 Aquilo com que eles agarram?
INF3 Isto é o... (...)
INF1 (...) Os anéis.
INF3 Os anéis.
INF1 Os anéis.
INQ1 Anéis. E esta parte aqui de cima da...
INF3 O caçapo.
INF1 Isto é o caçapo que chama-se.
INQ1 O caçapo. E lá dentro o que é que está?
INF1 Está os miolos dela. (...) Aquela coisa, miolozinhos .
INF3 Tem miolos e depois tem o forrado - aquele forrado preto.
INF1 Tem o forrado preto lá dentro.
INF4 Depois o caçapo há que voltá-lo .
INF3 (...) Que ela, quando se apanha-os, ele deita aquele o forrado preto.
INF2 Depois o caçapo tem que se (.../VB) . Rhã-rhã!
INF1 Tem que se voltar para ela (...) não pegar no corpo.
INF3 Tem um forrado preto.
INF4 É o corpo dela .
INF1 Isto é a concha.
INQ1 Olhe, e estas coisas assim compridas que eles têm.
INF2 Os raios .
INF1 Isto é os raios.
INF3 É os raios.
INF4 É os raios com que eles agarram.
INQ1 Os raios.
INF1 Isto é que é o caçapo. Olhe Olha , virando este caçapo, mata logo.
INF2 Virando o caçapo, pronto, já acabou .
INQ2 Virando o caçapo. E por baixo só tem três coisinhas...
INF2 É. (...) Aparece à Parece a boca.
INQ1 Exactamente, como é que se chama?
INF1 É a boca.
INF2 É a boca.
INQ1 Aquela coisa que até tem que se tirar que é duro.
INF1 É. (...) Isso é a boca.
INQ1 Que é assim parece um, um periquito?
INF2 É assim.
INF1 (...) É preto. É preto.
INF4 É o papagaio. É o papagaio.
INQ1 Como é que lhe chamam a isso?
INF2 Isso eu não sei.
INF1 O quê? (...)
INQ1 Essa coisa que tem que se, como é que?
INF2 O nome. É o nome dele . Aquilo é que faz assim: txctxctxc. Tem duas que tem quatro assim.
INF3 Homem, é a boca da polva .
INF4 É o papagaio. Não lhe disse que é o papagaio.
INQ1 Chama-lhe a boca?
INF1 Chama-se a boca.
INF1 O búzio. Olha , está aqui o búzio.
INF2 Búzio, búzio, búzio. Isto é tudo búzio.
INQ1 São os grandes, não é?
INQ2 Sim.
INF2 Tinha (...) esta bica.
INF1 Fica sempre mais comprida; e outra sai-lhe curtinha.
INF2 (...) Aqui dentro tem o fel.
INF3 Tem um o fel grande.
INF2 Isto tira-se bem. Isto amarra-se um coisinho para ficar pendurado e tal...
INQ2 Olhe, e uma, uns outros que há que estão, que parece quase uma lagostinha que está dentro de um búzio?
INQ1 Tem umas perninhas que andam.
INQ2 Quer dizer, quando o senhor apanha um búzio, em vez de, está lá um metido dentro.
INF2 Ah! Isso é o... Ai , aqui também dá disso. (...)
INQ2 Parece quase assim uma lagosta com muitas pernas.
INF1 (...) Está dentro (...) dum do búzio.
INQ2 Anda dentro do, do búzio.
INF2 É o que Foi o que tu disseste.
INQ2 Aproveita o búzio para andar.
INF1 A gente chama-se aqui...Como é que chama-se aqui, tio Adriano?
INF3 (...)
INF4 É o caramujo-de-feiticeira, não é?
INQ2 Como é que é?
INF4 A gente chama-se o caramujo-de-feiticeira.
INF3 (...) O feiticeira não presta para comer.
INQ2 Não presta para comer?
INQ1 Não.
INF3 Não presta para comer.
INQ2 Sim senhor.
INF1 Isto é...
INQ2 Olhe, e assim um género de búzio, mas que tem assim uma parte comprida?
INF1 Também há aqui.
INF3 Também há aqui. Isto aqui há, há, há.
INQ2 Também, e chamam como?
INF2 Isto é gambas.
INF1 É búzio.
INF4 É búzio.
INF3 É búzio. É tudo búzio. É tudo búzios.
INF1 É búzios.
INF4 É búzios.
INF2 Não é. É gambas.
INF3 Isto é gambas.
INQ2 Não.
INF2 Não é?
INQ2 Ai, gambas? Não sei...
INF3 É gambas. Isto é gambas.
INQ2 Mas isto é uma casca, é uma casca, não é?
INF1 É uma casca, é.
INF3 É uma casca, é. Isto é gambas, sim.
INQ2 Assim, olhe, assim grande.
INF1 Gambas.
INQ2 É uma coisa mole, assim lá por dentro.
INF3 É. Está lá dentro. É tudo mole.
INF1 Mas oiçam que a gente gosta muito disso.
INQ1 Mas come-se, não é?
INF1 (...)
INQ2 Gambas?
INF3 E aqui não se come, aqui?!
INF1 Sim. Mas estou falando que (...) ...
INF3 Isto dá muito na areia.
INF4 Aqui a gente chama-se a lapa-concha.
INF3 Aqui chama-se lapa-concha - a concha.
INF4 A gente chama-se a lapa-concha cá .
INF3 Mas também chama-se gambas. (...) .
INF1 Gambas, é. Aquilo traz um pedaço de carne aqui assim .
INQ2 Exactamente.
INF1 É gambas, que eles vendem isto um dinheirão do caramba.
INF4 Mas aqui a gente chama-se a lapa-concha.
INQ1 É, é.
INF3 Isto é caro como o lume!
INQ2 Exactamente.
INF3 Mas é bom de comer!
INF1 Eles andam por aqui a ver, por muitos cantos .
INQ2 Mas há cá, ou não?
INF4 Há, há (...) .
INF3 Há.
INQ2 Apanham cá?
INF1 Apanham ...
INF4 (...)
INF3 Apanham. Eh pá , quer dizer, é poucas, mas sempre há.
INF1 Apanham, sim . Mas não muito.
INQ2 Vem mais é de fora, se calhar, não?
INF4 (...) (...)
INF1 Aqui nos restaurantes tem.
INQ1 O João é que conhece bem as coisas da baleia, portanto, dos Açores.
INF Sim, para fazer as perguntas.
INQ1 Conhece bem, conhece mais ou menos.
INF Para fazer as perguntas?
INQ1 Não, era para saber como é que era.
INF Pois. A gente já sabe que tinha-se uma fábrica de baleia.
INQ1 Pode-se fechar a televisão?
INQ2 Pode-se fechar agora?
INF Ah, feche, feche, feche. Feche a televisão. Feche a televisão.
INQ3 Está bom. Está bom. Está sem o som, é o que interessa.
INF Já sabe que eu trabalhei trinta e cinco anos lá, (...) nessa empresa da baleia. E era mestre-calafate. E arreava a baleia. (...) Quando havia alguma avaria no mar com a baleeira que partia - com as baleias, às vezes, partia algumas -, (...) e eu é que construía as baleeiras. (...) E a coisa quando havia as baleias, já sabe que tinha que cortar. Ia ajudar a cortar. Ia ajudar aí aos outros rapazes, pois.
INQ3 Pois Desde que aparecia...
INQ1 Mas ia mesmo na pesca?
INF Na pesca, sim. Pois.
INQ1 Também?
INQ3 Pois. Quando aparecia uma baleia lá ao longe, o que é que havia aqui em terra e quem é que via a baleia e isso?
INF (...) Tinha-se um vigia lá no monte - lá em cima naquele cabeço -, um vigia que olhava (...) para a sua área - aquilo aqui na de sul e norte. E tinha outros vigias. Tinha na Ponta do Pargo, tinha em São Jorge, tinha (...) no Garajau, tinha nas Desertas, Porto Santo. (...) Estava tudo todo minado (...) com vigias.
INQ3 E só aqui é que havia embarcações ou havia noutros pontos da ilha?
INF É. É só aqui, só.
INQ1 E depois faziam os sinais? Os vigias como é que faziam...
INF Os sinais era por tudo meio (...) do rádio. Tinha-se rádios a bordo das embarcações. Os primeiros anos que começámos a trabalhar era com um lençol - um lençol branco. Depois, quando eu estava muito longe, eles então (...) faziam fumo. Se não, quando eu (...) via (...) que as baleeiras iam direito (...) às baleias, eles apagavam. (...) Apagavam o fumo.
INQ3 E com o lençol, também eles não indicavam a direcção?
INF E com o lençol também sempre era a mesma coisa. O lençol, eles botavam o lençol no ar. A gente via o lençol. Eles viam que a gente ia... (...) Andava-se com a baleeira de roda. A baleeira deixava a um ponto que a baleeira ia no rumo certo, eles tiravam o lençol de repente. Tiravam o lençol que é para a gente levar o rumo certo, à baleia. Pois.
INQ3 E depois? Portanto, o senhor ia na direcção boa...
INF Depois ia-se na direcção (...) . Estava ocasiões que dava-se com elas; e estava ocasiões que não se dava. E quando se dava com elas, começava-se a balear. Tinha-se as embarcações para cercá-las, (...) mais (...) próximo (...) à costa (...) . Mas quanto mais (...) próxima da costa, melhor, para a gente matar a baleia. Porque elas mergulhavam e já, de repente, já saíam. E (...) mais fora, elas mergulhavam e demoravam muito tempo no mar, no fundo, para saírem. (...) Estava ocasiões que elas saíam já longe. Saíam um pedaço longe. (...) Furavam as embarcações por baixo, e já saíam já lá fora. A gente tinha-se que ir , outra vez, a remar, remar, remar, para fora, para elas. E depois aquilo a gente ali todo o dia ali a remar, ali a se transpirar, puxava-se, matava-se as baleias, vinha-se (...) para a fábrica. Tinha-se um barco (...) de apoio para rebocar as baleias, para trazer elas as baleias para a fábrica. Chegava-se à fábrica - às vezes tinha-se trabalho lá na fábrica - tornava-se a trabalhar, a noite inteira a trabalhar. Depois foi quando a gente fizemos uma reclamação aos patrões porque a gente trabalhar com (...) canoas de remos que matava muito pessoal. Então foi quando eles resolveram fazer canoas a motor. (...) Tinha-se lá o molde, e eu é que construí essas embarcações todas. Era (...) sete embarcações a remos. Passou a ficar três (...) a remos e quatro a motor. Pois.
INQ1 Mas iam com todas elas?
INF Sim . (...) Com todas elas. Depois foi quando a gente ia-se para Porto Moniz - (...) eu estive cinco anos no Porto Moniz (...) com duas baleeiras. Essas baleeiras, (...) em ocasiões chegava-se lá, queria-se varar, e não se podia, porque o mar ali era ruim. Era (...) num varadouro. Aquilo o mar rebentava ali, a gente tinha que se vir outra vez para o sul. Depois foi quando eles resolveram meter canoas no Porto Santo - duas canoas no Porto Santo. Então varava-se lá na praia, ali mesmo perto do cais. E quando havia baleias para aqui (...) para a Madeira, vinha-se para a Madeira. Quando havia para o Porto Moniz, vinha-se para o Porto Moniz - já (...) com o rumo já por trás de Porto Santo, direito a Porto Moniz. Pois.
INQ3 Mas quando apanhavam as baleias no Porto Moniz, depois tinham que rebocá-las para aqui ou...?
INF Tinha-se o barco para trazer as baleias (...) para a fábrica.
INQ3 A fábrica era só aqui?
INF Pois. (...) Quando era muita quantidade de baleias, a gente tinha que vir, (...) para ajudar a cortar. Quando era só um cachalote só, a gente ficava lá. Ficava-se lá (...) no Porto Santo (...) . Quando se estava a trabalhar no Porto Moniz, ficava-se no Porto Moniz. Quando começámos a trabalhar no Porto Santo, havia uma baleia só, a gente ia para o Porto Santo. Porque ao outro dia (...) podia aparecer baleias para lá, para o Porto Santo. Estava-se lá mais perto. Pois. Pois.
INQ3 E essa baleia depois como é, ficava a flutuar, punha-se uma coisa para ela ficar depois no mar...
INF Ficava acima do mar, com uma bandeira.
INQ1 Mas como é que a matavam?
INF Era com o arpão. Era trancada com o arpão. E depois era morta com a lança. Matava-se . Quando tinha-se uma média de quinhentos metros de corda, e tinha-se as baleeiras ali, quando a gente trancava trancava-as , a gente deitava bandeira, para uma baleeira vir para o pé da gente. Porque estava ocasiões que a baleia (...) levava aquelas cordas todas. E então, vinha a baleeira. A gente passava a corda. Ela passava a corda (...) - da outra baleeira para a nossa. Era encadeada (...) na nossa corda. Quando (...) levava as nossas linhas, já ficava presa para outra - para outra embarcação.
INQ1 O mestre é que ia dando a corda? É que ia dando...
INF Pois, é que ia sempre... Pois, ele (...) estava a fazer a manobra de motor (...) e leme. E a corda ali na mão. Ela a puxar.
INQ1 Mas quando não era a motor, para se chegar à baleia era com o leme ou era com o remo?
INF (...) Era com o remo. Era com o remo.
INQ1 E esse remo tinha alguma coisa?
INF (...) Era um remo (...) ... A coisa aqui atrás - como esta que está aqui, já vê? -, tem o remo atrás e as (.../N) .
INQ2 Como é que chamava esse remo?
INF Era o remo (...) do estalote. O estalote. E depois o arpoador largava (...) o seu remo. Punha-se à proa. Botava no Botavam o arpão pronto para quando chegar (...) ao o cachalote, trancar.
INQ1 A toleteira enfiava aonde?
INF (...) Aquilo era a toleteira, e eu incendia a forquilha.
INQ1 Ah, a toleteira é o pau?
INF É o pau.
INQ1 Que tem o buraco?
INF Sim. O buraco.
INQ1 E a forquilha?
INF E havia a forquilha. Pois.
INQ2 Ah, porque aquilo era numa forquilha, assim?
INF Sim senhor. A toleteira (...) é aquela... Chama-se a toleteira. A gente chama-se toleteira e (...) chama-se hera. Mas, a baleeira, chamava-se a toleteira.
INQ1 Na baleeira.
INF (...) E a parte que encaixava o remo (...) era a coisa, (...)
INQ1 A forquilha.
INQ2 A forquilha.
INF a forquilha.
INQ1 E tinha umas argolas no próprio, na própria lancha, não é?
INF Sim, sim. Sim. Pois. Pois. (...) Não. Tinha assim (...) uma argolazinha acolá (...) acima do leito (...) da popa da canoa. Tinha uma argolazinha que amarrava-se um cordel. E depois tinha (...) um passador, que é o tal (...) pernete.
INQ1 Pernete.
INF Pois.
INQ2 Portanto, o leme tinha dois...
INF Sim, pois. Pois.
INQ2 Tinha dois, duas pontas e...
(...) Em baixo tem é o coiso . É as fêmeas e os machos -
INQ1 Ah!
INF que é onde (...) se mete o leme. É os machos e as fêmeas.
INQ2 Então, mas o pernete, então o que era?
INF É em cimento, para prender a cana-de-leme - para a cana-de-leme não fugir.
INQ1 Ah!
INQ2 Está bem. Na própria, no próprio leme em cima?
INF Sim, sim, sim, sim. Sim senhor.
INQ2 Tinha um...
INF Sim. Pois.
INQ2 Era uma cordinha, não era?
INF Pois. E também ali no leme... O leme tem um furo (...) no capelo. E tem um furo no leme, para amarrar o leme - para quando a baleeira dar a pancada, não saltar para cima.
INQ2 Não saltar.
INF Para não saltar. Pois.
INQ1 Pois.
INQ2 Sim senhor. E, deixe-me cá ver se eu me lembro de mais alguma coisa. Portanto, no arpão, aquela ponta, aquela ponta mais aguda?
INF Pois. (...) No arpão, (...) aplica-se um pedacinho de madeira, fraca. (...) Tem um furo (...) entre (...) ... A caixa do arpão tem um furo que a gente mete um pedaço (...) de madeira, na tendência de levar o arpão - que (...) pode bater de maneira (...) dele abrir, e a coisa, e não trancar o cachalote. Tem que levar esse bocadinho de madeira para segurar, para ter mais segurança - para quando trancar, (...) entrar e não partir. Depois de ter estar lá dentro da baleia, trancada, (...) a baleia vai puxar por a baleeira (...) e o pau parte. (...) E o arpão abre. (...)
INQ2 E dava algum nome àquela parte do arpão que abria?
INF Pois. Sim, sim. A barba. Barba.
INQ Ah, eu queria-lhe perguntar era outra coisa. Antes de haver o rádio, o vigia também aqui não dava sinal com um foguete, para chamar as pessoas...
INF Davam Dava sinal. (...) Em ocasião estava-se em casa, rebentava o foguete (...) , eles deitavam bandeira. A gente já sabia para onde era a baleia, se era para o sul, se era para o norte. Quando era duas bandeiras, era para o norte; uma bandeira só, para o sul. Eu já sabia qual era o destino. E então, e de ocasiões que estava-se a trabalhar, na fábrica, dava o foguete. As mulheres que estavam em casa, estava mulheres que ouviam e estava as que não ouviam. Fui muitas vezes para o mar sem comer. Porque eu, a primeira baleeira que arreava era a minha. Porque era uma baleeira mais pesada, (...) que tinha uma parte de convés (...) na baleeira. (...) Sabe que (...) o pessoal agarrava-se primeiro à baleeira mais pesada, para arrear primeiro. E ocasiões que eu, (...) quando eles largavam da fábrica, eu já estava a passar a norte. (...) Eu já ia lá a norte. Só! Sozinho, na baleeira.
INQ Mas, quando havia as baleeiras a remo, havia uma lancha que levava as baleeiras mais para longe?
INF Tem. (...) Tinha o São Mateus, São José, o Persistência e o Passos Gouveia. Tinha esses
INQ Tinha esses quatro?
INF (...) dois barcos - dois barcos de apoio; e tinha seis baleeiras; e tinha essas duas lanchas. Pois.
INQ E normalmente, quando havia assim mais baleias, era a lancha é que ficava a matar depois a baleia, para o senhor seguir para a frente para outra, ou não? Quando trancava.
INF Não. (...) Trancava-se e matava-se. (...)
INQ A lancha nunca ajudava a matar?
INF Só se entregava a baleia... Acabando-se de matar, a baleia ficava acima de água, metia-se uma bandeira, (...) para o barco de apoio a ir ir a amarrar.
INQ E dava algum nome quando a baleia vinha acima e mandava aquele esguicho para cima de água? Dizia-se...
INF Quando ela levantava a cauda... Ela levantava a cauda e dava aquelas vergalhadas (...) .
INQ Não, eu digo é aquele bufo, que ela às vezes...
INF O bufo? É o 'esparto'. É o 'esparto'. É um 'esparto' que ela dá.
INQ O 'esparto'?
INF (...) A gente via-se elas longe, era o 'esparto'. Porque a uma distância grande, ela em indo ali sem se 'espartojar', não se via. Ela tinha que dar aquele 'esparto' para o ar. E via-se (...) aquele 'esparto', (...) aquele (.../N) negro, fora de água. E a gente via (...) para que rumo é que elas iam andando. Porque (...) ela, o 'esparto' da baleia (...) é ali no lado esquerdo. A gente já sabia que era cachalote (...) ou era a baleia. Porque a baleia, o 'esparto' é a meio, a meio, direito, a meio (...) da coisa.
INQ Da cabeça.
INF (...) E o cachalote fica ao lado. Dá o 'esparto' (...) para o lado esquerdo. (...)
INQ Mas a que é que chamava baleia? Era por ser a fêmea do cachalote ou era...
INF Não, não. (...) A baleia tem uma família (...) e o cachalote tem é outra.
INQ Portanto, o cachalote tinha os dentes e a baleia não tinha dentes.
INF Pois. Pois. Não . Não tinha. Não tinha. É aquela. A baleia é aquela. É a baleia. E o cachalote é esse que está aí atrás de si.
INQ Ah, pois é! Exacto. E o... Portanto, se o senhor ia atrás da baleia e ela mergulhava, não...? Como é que via em que direcção que depois é que ela ia mais ou menos sair?
INF (...) Ela alagava-se. Alagava-se. E quando ela ia à superfície da água, a gente via o ressolho dela. A gente via aquele ressolho de água sempre (...) a sair, a sair.
INQ A sair. Pois.
INF E a gente ia sempre (...) detrás daquele ressolho, sempre, sempre, sempre. E (...) quando ela saía, estava-se em cima dela. Estava-se perto.
INQ Nunca se guiava pela inclinação que ela dava ao rabo quando mergulhava, pois não? Às vezes...
INF Pois. É. (...) Aquela mergulha. Que a gente a visse (...) ela fazer assim - torcia o rabo, esgarrou para ali -, a gente já via que ela estava mudando. Já estava a mudar de rumo. Estava a mudar para outro lado.
INQ Nos cachalotes, nos machos, aquilo que eles traziam dentro da barriga, que também era muito, que se aproveitava, não era?
INF (...) Isso não era o coiso, o cachalote. Era (...) a fêmea.
INQ A fêmea é que tinha?
INF A fêmea é que tinha aquela coisa de ambre.
INQ Ambre.
INF Ambre. A gente tirava... Cheguei a tirar-lhe quarenta quilos (...) duma baleia - pois, (...) de ambre.
INQ E, portanto, entre o chegar aqui com o cachalote e parti-lo e ele derreter, quanto...? Era uma noite inteira, que era preciso para um animal, ou, ou, levava-se mais tempo?
INF (...) Para, quer dizer, (...)
INQ Para cortá-lo, para desmanchá-lo todo.
INF para cortar? Não. Aquilo era (...) uma hora ou hora e meia de tempo, a gente cortava (...) um cachalote. Um cachalote de dez, doze metros, não demorava uma hora. Era (...) seis, sete pessoas (...) acima dum cachalote. Aquilo era (...) uma limpeza. Era um instante.
INQ Depois aquilo ia para umas caldeiras, era?
INF Depois aquilo era tudo cortado. E tinha-se (...) os tanques já (...) mesmo ao lado... Está-se a cortar e está aí os outros rapazes a puxar. Aquilo o que um cortou, já ele já vai pôr pondo no caldeiro. Cortou, vai pôr pondo no caldeiro: o toicinho para uma banda, carnes para outra.
INQ O que é que ia para uma banda que eu não percebi?
INF É as carnes... As carnes (...) da baleia vai para um tanque; ossos, para um tanque; (...) o toicinho vai para outro; (...) o óleo da cabeça vai para outro - (...) tudo separado. Porque o óleo (...) da cabeça é um óleo que gela. Fica gelado. Depois (...) de ser cozido, gela. E o toicinho, (...) fica sempre líquido, sempre líquido. E então, a gente pegava (...) nessas carnes e nesses ossos - (...) ele tinha-se uma imprensa para imprensar aquilo - para espremer (...) aquelas águas. Depois (...) da imprensa, ia para um secador, secar. Depois tinha-se o moinho. Aquilo moía e já saía em cima (...) num peneiro. Peneirava fina para uma banda, grossa para outra. Depois já tinha os rapazes todos a encher, já a ensacar aquela farinha - que era para transportar (...) para o estrangeiro, (...) para fazer ração (...) para gado: para vacas, porcos, galinhas. Pois.
INQ E esse óleo era embarcado aqui directamente ou ia para o Funchal?
INF Era. Era aqui. Aqui mesmo.
INQ Era aqui mesmo.
INF Era aqui mesmo. (...) Vinha Vinham aqui barcos buscar.
INQ Dentro de barris?
INF Sim senhor.
INF É. Parece a ser peixe-cravo. (...) Este também é um peixe que há na profundidade, também - que (...) é o coiso; é o peixe-galo da altura.
INQ1 Peixe-galo da altura?
INQ2 Então há dois... Há dois peixes-galos. É aquele que o senhor...
INF Há. É o da altura e o da costa .
INQ1 É o da altura e é o outro.
INF (...) E este é o peixe-lua.
INQ1 Peixe-lua?
INF É.
INQ Mostra outra fotografia
INF Isso (...) é o que a gente chama - que mata-se muito cá - peixe-porco.
INQ1 Não há nada que se chame peixe-carneiro, ou carneiro só?
INF Sim. Também houvesse aí o carneiro, também. Que o carneiro (...) é tal e qual (...) como o rocaz. (...)
INQ2 Qual é a diferença entre o carneiro e o rocaz?
INF O rocaz é da costa; e o carneiro é mais da profundidade.
INQ1 Ah, o rocaz é um assim só pequenino. Não cresce muito. É pequenininho?
INF Sim senhor. É. É. Pequenino, sim.
INQ1 Vermelhinho, mas pequenino.
INF Também dá. Dá grandezinhos, dá.
INQ1 Sim, mas o outro é...
INQ2 Mas é sempre mais pequeno que o carneiro?
INF O outro, o outro cá é grande. O carneiro dá nas alturas. (...) Já é maior. Dá maior.
INQ Mostra outra fotografia
INF (...)
INQ1 Este costuma andar junto com as tintureiras...
INF Este é romeiro. Romeiro.
INQ2 É o do meio.
INF Pois.
INQ1 É o do meio, pois.
INF E este é salema.
INQ2 Salema.
INQ1 Salema. Bate certo.
INF Salema. Salema. Salmonete. (...)
INQ2 Como? Este, chama...?
INF Salmonete.
INQ2 E este?
INF E este é o...
INQ1 Enche a barriga de ar.
INF Ah, pois. Este é a 'buginja'.
INQ1 Diga?
INF A 'buginja'.
INQ1 'Buginja'.
INF 'Buginja'.
INQ2 E serve para alguma coisa? Come-se ou não?
INF Hã?
INQ2 Come-se?
INF Come-se cá nada! A gente aqui não tem nada que aproveitar disso. A gente (...) o que aproveita é, quando ele se chega à borda, matar e assoprar. E ele vai como um balão em cima da água.