Anthony Kroch 1946-2021
Influenciou gerações de linguistas com os seus trabalhos inovadores no domínio da linguística histórica (em particular a sintaxe diacrónica), cruzando linguística teórica (formal/generativa), linguística computacional, sociolinguística e tratamento estatístico de dados linguísticos. Mas tinha uma visão abrangente, rara na sua amplitude e apetência crítica, das diferentes áreas da linguística, com particular interesse pelas interfaces sintaxe-semântica, sintaxe-prosódia e diferentes abordagens do processamento sintático.
Criou os Penn Parsed Corpora of Historical English, que serviram de modelo à criação de corpora (não só históricos) de diferentes línguas, desenvolvidos no âmbito de projetos de que foi mentor, consultor, investigador, e cuja implementação empenhadamente apoiou (Reino Unido, Portugal, Brasil, Canadá, Islândia, Hungria, Estados Unidos da América, Alemanha, Japão).
Esteve na origem do DiGS – Diachronic Generative Syntax conference, que frequentou assiduamente em todos os papéis (organizador, conferencista convidado, participante com e sem comunicação), e onde tinha sempre um comentário ou pergunta para todos os oradores, com invejável energia, vivacidade e gosto pela discussão de ideias. Era uma fonte de inspiração para os mais jovens e o DiGS não será o mesmo sem ele.
Coordenou o primeiro painel de avaliação dos centros de investigação da área da linguística nomeado pela FCT, integrou a comissão científica do Journal of Portuguese Linguistics desde a sua fundação e foi um influente membro da Comissão de Acompanhamento do CLUL entre 2010 e 2014. Desde a década de 90 do século passado, colaborou de diferentes formas em atividades de investigadores do CLUL.
Era um conversador nato, com igual gosto pelo debate científico e pelo discorrer bem humorado sobre qualquer tema da vida quotidiana. Gostava de estar rodeado de gente (colegas, amigos, conhecidos, estudantes, além da família) e era-lhe fácil, pela sua inteligência brilhante e verbo destro.