Conhecimento e uso do dialeto/falar madeirense dos jovens em escolarização da Região Autónoma da Madeira : análise de enunciados dialetais : léxico
Este trabalho de investigação insere-se no âmbito da sociolinguística e debruça-se sobre a perceção quanto à variação dialetal do Arquipélago da Madeira, que os jovens em escolarização da Região Autónoma da Madeira detêm face a alguns traços particulares do léxico. Neste sentido, o corpus de trabalho baseou-se nos dados recolhidos em inquéritos por questionário sobre o léxico, realizados a uma amostra de 40 alunos naturais do arquipélago, a frequentarem o 3º Ciclo do Ensino Básico e distribuídos por dez alunos em quatros escolas localizadas: a norte (Santana-São Jorge) e a sul (Funchal e Câmara de Lobos) da ilha da Madeira e na ilha do Porto Santo. Para podermos, efetivamente, determinar quais as influências extralinguísticas ou quais as variáveis socioculturais responsáveis pelo conhecimento e uso dos dialetos, foi também importante analisar alguns fatores de ordem social, tais como, o meio familiar, a idade, o nível de escolaridade dos alunos, a naturalidade e o contacto destes com os meios urbano vs rural. Com efeito, e com base nos instrumentos de análise recolhidos, este estudo mostra-nos que os jovens madeirenses em escolarização ainda evidenciam um interesse em usar e manter a sua identidade dialetal, numa dinâmica intergeracional, dado que os mesmos consideram importante não deixar desaparecer um legado linguístico que tem sido herdado pelos seus antepassados. Contudo, constatamos que o domínio dos dialetos madeirenses juntos destes jovens começa a estar um pouco ausente nas suas conversas do quotidiano, principalmente quanto contactam com falantes fora do arquipélago, moldando os seus discursos em norma/padrão, por assim entenderem tratar-se de uma forma comunicacional, dotada de mais prestígio social. Em contrapartida, verificámos que o meio familiar e o meio rural contribuem, portanto, para um uso mais frequente da variação dialetal, provando-se esta realidade, sobretudo, nos jovens em escolarização residentes nos concelhos a norte da ilha da Madeira e na ilha do Porto Santo. Por considerarmos importante novas investigações, sobretudo pela temática que aqui foi abordada, consideramos que seria deveras pertinente surgirem futuros estudos. Assim, estes poderão explicar a origem do extenso léxico dos dialetos madeirenses e no caso particular da variação dialetal na pequena ilha do Porto Santo, considerando-se, para o efeito, também a vertente sociolinguística.
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This research falls within the scope of sociolinguistics and focuses on the perception on the dialectal variation of Madeira that young people at school age from the Autonomous Region of Madeira evidence concerning particular characteristics of the lexicon. Therefore, the work corpus was based on data collected through questionnaire surveys on the lexicon, conducted on a sample of 40 natural archipelago students who attend the 3rd cycle of Basic Education and distributed by ten students in four different schools located in the north (Santana and São Jorge) and the south (Funchal and Câmara de Lobos) of the island of Madeira and Porto Santo. In order to effectively determine the extralinguistic influences or what socio-cultural variables are responsible for the knowledge and use of dialects, it is also important to analyze some social factors, such as the family environment, age, educational level of students, place of birth and contact of these with the urban vs. rural areas. It can be concluded based on the collected data that this study shows that young people in Madeira at school age still show interest in using and maintaining their dialectal identity in an intergenerational dynamic, given that they consider important not to let go a linguistic legacy that has been inherited by their ancestors. However, we found that the dialects of Madeira spoken by young people are disappearing in their everyday conversations, especially when they communicate with speakers outside the archipelago, shaping their speech acts in standard / default ways, because they understand it is a way of communication endowed with more social prestige. On the other hand, we found that the family environment and the rural environment contribute to a more frequent use of dialectal variation, facts that were proven, especially concerning youngsters attending school and resident in the municipalities in the north of the island of Madeira and on the island of Porto Santo. Since we consider important new research, especially for the issue that is addressed here, we believe it would be important to develop further studies. Thus, maybe these could explain the origin of the extensive lexicon of the Madeira dialect and also the particular case of dialectal variation on the small island of Porto Santo, again from a sociolinguistic point of view.