Ser japonês ou falar português?: aspetos socioculturais, cognitivos e pragmáticos do ensino de português como segunda língua no Japão
Este estudo é uma avaliação parcial da situação atual do ensino do português no Japão, com ênfase na região de Tóquio. O corpus da investigação foi construído a partir da experiência de mais de 20 anos do autor como professor de português e inglês em várias instituições de Tóquio e arredores, e da compilação de entrevistas e questionários respondidos por professores e estudantes de português, principalmente em universidades, mas também em escolas de idiomas e outras instituições. O respaldo teórico e académico foi proporcionado pelo estudo feito ao longo do primeiro dos dois anos do Mestrado em Português como Língua Não Materna da Universidade Aberta de Lisboa e pela literatura existente sobre o ensino de idiomas no Japão. A investigação identificou vários aspetos positivos, como algumas experiências interessantes e enriquecedoras dos estudantes, mas também alguns problemas, tanto no ensino como no aprendizado do português no Japão, com resultados académicos que carecem de uma avaliação uniformizada e são insuficientes, segundo vários professores e alunos, para o estudo ou trabalho em países lusófonos, seja de acordo com as diretrizes do QECR ou com os padrões do CELPE-BRAS, o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros do Ministério da Educação do Brasil. Através da abordagem de aspetos socioculturais, cognitivos e pragmáticos do ensino de português no Japão, o estudo revelou alguns dos principais obstáculos e desafios encontrados por estudantes e professores num país altamente desenvolvido, mas ao mesmo tempo tradicional e conservador, consciente da necessidade de continuar expandindo seu contato com outras culturas, mas resistente às mudanças e ao questionamento gerados pelo estudo de línguas e culturas estrangeiras, e particularmente de um idioma historicamente multicultural e multinacional como é o português.
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This study is a partial evaluation of the current situation regarding Portuguese language teaching in Japan, especially in and around the capital, Tokyo. The body of the investigation comes from the author’s experience teaching Portuguese and English for more than 20 years in schools and universities in Tokyo and surrounding areas, as well as a compilation of interviews and questionnaires with teachers and students of Portuguese, mainly at universities, but also in language schools and other institutions. The theoretical and academic foundation comes from the first year of Universidade Aberta de Lisboa’s master’s degree in Portuguese as a Foreign Language as well as the analysis of various existing studies about language teaching in Japan. The research revealed a series of positive and negative aspects, both in the teaching and in learning Portuguese in Japan, where academic results lack a uniformed evaluation and, according to many teachers and students, are often insufficient for further studies or work in Portuguese speaking countries, according to the guidelines of the CEFR or those of the CELPEBRAS, the Certificate of Proficiency in Portuguese Language for Foreigners from Brazil’s Ministry of Education. Through the analysis of sociocultural, cognitive and pragmatic aspects of Portuguese teaching in Japan, the research reveals some of the main obstacles and challenges faced by students and teachers in a highly developed, yet traditional and conservative country, conscious of the need for expansion of its knowledge of other cultures, but resistant to the changes and the questioning inherent to the study of foreign languages and cultures, particularly in the case of a historically multicultural and multinational language such as Portuguese.