ALE - Atlas Linguarum Europae
O projecto ALE - Atlas Linguarum Europae engloba todas as línguas da Europa e a maioria dos respectivos dialectos, nele participando 51 equipas de investigação. Instituído oficialmente na Holanda, em 1970, a sua fase de publicação foi iniciada em 1975. Cada "fascículo" deste atlas é constituído por dois volumes, um de mapas, outro de comentários. Os fascículos até agora publicados (cinco) foram consagrados ao léxico, apresentando os dados referentes às seguintes 43 noções: sol, lua, nuvem, nevoeiro, arco-íris, vento, relâmpago, raio, trovão, chove, granizo, pingo de gelo, neve, charco, represa, lago, ribeiro, mar, serra, cobre, estanho, chumbo, carvalho, vidoeiro, choupo, pinheiro, zimbro, ramo, flor, Centaurea Cyanus, pepino, amora, pera, milho, cevada, girassol, gafanhoto, joaninha, borboleta, pirilampo, doninha, cão, Natal. A abordagem das denominações obtidas para estes conceitos em 2631 localidades europeias foi de carácter etimológico e motivacional. Este tipo de tratamento permitiu abrir um novo caminho para a compreensão da relação língua -cultura e estabelecer padrões de criação lexical estreitamente ligados à vivência histórica dos povos europeus. Este aspecto, o mais inovador deste projecto, é resumido no volume Atlas Linguarum Europae. Perspectives nouvelles en géolinguistique, Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, Roma, 1998, capítulo "The cultural unity of Europe seen in the ALE", pp.1-10, da autoria de Mario Alinei. O volume contém igualmente uma apresentação detalhada dos grupos de línguas que compõem as seis "famílias" abrangidas pelo ALE: indo-europeia, urálica, altaica, semítica, caucásica e basca.
A colaboração portuguesa no ALE foi iniciada em meados de 1974 pelo Grupo de Estudos de Dialectologia do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (então Instituto de Linguística). Para este projecto foram feitos, em 1975, inquéritos em 53 aldeias portuguesas, segundo o Questionário, de cerca de 550 perguntas, que foi utilizado nos demais países europeus. Depois de elaboradas as sínteses nacionais das denominações de cerca de 300 conceitos, passou-se à fase de conjugação de sínteses a nível românico e, posteriormente, à elaboração de mapas e comentários a nível europeu.
As sínteses nacionais consistem na apresentação dos tipos lexicais recolhidos para cada conceito, com as suas sub-divisões morfológicas e fonológicas. Os tipos são estabelecidos com base na diferenciação etimológica, e os mapas resultantes são denominados "mapas onomasiológicos". Quando um conceito apresenta uma grande variação lexical (como é o caso de alguns insectos e plantas bravias), procede-se a um reagrumento das palavras por motivações, considerando-se "motivação" o significado das formas linguísticas pré-existentes que foram aproveitadas para criar uma dada palavra. Na totalidade das palavras existentes para um dado conceito, verificou-se que o número das respectivas motivações é geralmente menor do que o número das etimologias correspondentes. Quando se passa do nível nacional para o nível do grupo de línguas (no caso português, o das línguas românicas) e depois, ao nível europeu, a cartografagem dos tipos lexicais - sempre feita através de símbolos - só pode ser de base etimológica se a variação lexical for relativamente reduzida. Quando um conceito apresenta uma variação lexical elevada, a multiplicação dos símbolos tornaria o mapa ilegível. Neste caso, a cartografagem motivacional substitui com vantagem a cartografagem etimológica.
As sínteses nacionais são da responsabilidade dos comités nacionais que colaboram no projecto. As sínteses de grupo de línguas e, por fim, os mapas e comentários a nível europeu são confiados a autores individuais.
Rede portuguesa do ALE:
1. Esposende (Braga) |
28. Vieira de Leiria (Leiria) |