PALMA

Posse e Localização: Microvariação em variedades africanas do português (PALMA)

Concluído
Data
-
Instituição financiadora
FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
IR do Projeto
Tjerk Hagemeijer
co-IR do Projeto
Inês Duarte

Project Summary:

A ideia central deste projeto consiste em analisar como contacto de línguas, aquisição L2 e nativização do português contribuem para a variação e conduzem à emergência e cristalização de traços linguísticos. Para alcançar este objetivo, centramo-nos nas variedades urbanas do português contemporâneas faladas em Angola, Moçambique e S. Tomé e Príncipe (VAPs), as quais se encontram i) em diferentes etapas do processo de nativização e
ii) estão (historicamente) em contacto com diferentes línguas e tipologias linguísticas.

O nosso estudo de caso incide na descrição e análise de construções de posse e de localização, englobando a estrutura argumental de verbos intransitivos, monotransitivos e ditransitivos que selecionam Alvos, Locativos e Recipientes. As descrições disponíveis mostram que a expressão destes papéis semânticos exibe uma variação significativa em variedades do português. No caso das referidas VAPs, esta variação está dependente de condições sociolinguísticas específicas decorrentes de um processo de nativização do português, numa situação de contacto linguístico histórico com línguas bantas e crioulas.


Os trabalhos sobre a VAPs têm documentado a existência de algumas tendências de variação e mudança linguística em diferentes subdomínios da posse e da localização (e.g. construções dativas). No entanto, na sua maioria, estes estudos carecem de descrições e análises pormenorizadas, não relacionam construções interdependentes e não comparam, de forma sistemática, as VAPs nem as línguas com que estão em contacto.

No sentido de superar as lacunas identificadas, propomo-nos recolher, transcrever, anotar e elicitar dados orais urbanos contemporâneos, com o objetivo de construir novos corpora linguísticos comparáveis, com informação sociolinguística detalhada. Tal permitir-nos-á descrever, quantificar, analisar e comparar as propriedades sintáticas e semânticas das referidas construções nas diferentes VAPs em estudo. Além disso, é nosso objetivo investigar largamente as propriedades relevantes das línguas com as quais as VAPs estão em contacto. Esta abordagem comparativa responderá às principais questões de investigação deste projeto:

 

  1. O que determina os padrões de microvariação observados nas VAPs em processo de nativização nos domínios da posse e da localização?
  2. Como se distinguem as propriedades decorrentes do contacto daquelas motivadas pela mudança linguística assente em propriedades gerais da gramática em contextos de nativização?

O projeto contribuirá de forma substancial e inovadora para a investigação sobre as VAPs ao estabelecer um novo standard que possa ser replicado no estudo de outras áreas da gramática e ao contribuir para o debate sobre
variedades pós-coloniais na educação e no planeamento linguístico. Constitui um fator-chave para o sucesso deste projeto a vasta experiência da equipa nos domínios da sintaxe e da semântica do português, das línguas bantas e dos crioulos, do contacto linguístico e do trabalho de corpora.

 

Contacto: t.hagemeijer@letras.ulisboa.pt

IR do Projeto
co-IR do Projeto
Consultores
Parcerias
CLUL - Centro de Linguística da Universidade de Lisboa
Centro de Linguística da Universidade do Porto
Universidade Eduardo Mondlane
Universidade Católica de Angola
Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda